Economia melhora, mas diferenças continuam

10/09/2008

Nos últimos anos, o Brasil tem registrado melhorias socioeconômicas, mas não conseguiu superar as disparidades de gênero e de raça. É o que revela pesquisa realizada pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), em parceria com a SPM (Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres) e o Unifem (Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher). O estudo, intitulado “Retrato das desigualdades de gênero e raça”, quantifica as distâncias sociais e econômicas entre negros e brancos e entre mulheres e homens.

Apesar de melhor escolaridade, a mulher tem menor participação no mercado de trabalho. Já o negro, que registra taxas escolares inferiores ao branco, também convive com os piores índices no mundo do trabalho.

Em dez anos (de 1996 a 2006), a taxa de escolaridade líquida no Ensino Médio saltou de 24,1% para 47,1%. Entre as mulheres, a taxa passou de 28,5% para 52,3%, enquanto a dos homens subiu de 19,9% para 42,0%. Considerando as etnias, a taxa de escolaridade do Ensino Médio entre brancos aumentou de 33,8% para 58,4%; índices muito superiores ao da população negra: de 13,4% para 37,4%. As melhores taxas são apresentadas pelas mulheres brancas (de 38,8% para 62,4%) e as piores, dos homens negros (de 10,4% para 32,3%).

Embora estudem mais, as mulheres ainda são minorias no mundo do trabalho. Em 2006, a taxa de participação no mercado de trabalho entre os homens era de 72,9%, acima do índice de 52,6% registrado pelas mulheres. No entanto, a participação das mulheres tem crescido acentuadamente em dez anos (em 1996 era 45,9%), enquanto a dos homens declinado levemente (em 1996 era 73,2%).

A diferença de participação no mercado de trabalho entre brancos e negros não é significativa. Conforme a pesquisa, o homem negro (cuja taxa passou de 73,3% para 73,0%) trabalha mais que o branco (de 73,1% para 72,8%). Entre as mulheres, a taxa de participação das negras (de 46,0% para 51,8%) tem aumentado menos que a das brancas (de 45,9% para 53,4%).

Pobreza e trabalho infantil

A diferença entre a taxa de pobreza entre negros e brancos é expressiva. Em 1996, a parcela de pobres entre os brancos era de 21,5% e caiu para 14,5% dez anos depois. Os negros também melhoram a renda, mas continuam mais pobres que os brancos. Em 1996, a taxa de pobreza entre os negros era de 46,7% e caiu para 33,2% em 2006.

O problema do trabalho infantil, cujas taxas têm caído, continua atingindo mais aos negros que aos brancos. Conforme o estudo, de 1996 para 2006, a taxa de crianças negras trabalhadoras caiu de 11,2% para 8,1%. No mesmo período, o índice de pequenos trabalhadores brancos baixou de 8,8% para 6,1%.

 

Fonte:
Midiamax
Osvaldo Júnior