Dólar mantém tendência de baixa e fecha a R$ 2,96
09/01/2009
São Paulo, 24 de Agosto de 2004 – Aumento das projeções do IPCA leva a ajuste no segmento de juros.
O dólar, que chegou a operar em alta durante a manhã com a ausência de exportadores na venda, logo inverteu o rumo embalado pelo cenário favorável – o risco Brasil fechou a 522 pontos -, apesar de permanecerem as tensões em torno das oscilações do petróleo.
No final dos negócios, a moeda norte-americana era cotada a R$ 2,96, com queda de 0,24% em relação à última sessão. Já o segmento de juros foi afetado pela alta das projeções de inflação apontada na pesquisa semanal do Banco Central com os agentes de mercado.
Apesar de tendências opostas, tanto o mercado de câmbio quanto o de juros registraram volume reduzido de negócios, na expectativa da divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom), na próxima quinta-feira.
“O risco em queda e as taxas de juros americanos (dos títulos de dez anos do Tesouro dos Estados Unidos) abaixo dos 4,30% abriram um período benéfico para os mercados emergentes, levando à volta das captações externas”, afirmou o vice-presidente de Tesouraria do Banco WestLB, Flávio Farah. Na semana passada, os bancos Votorantim e Santos emitiram bônus no exterior. “Não há pressão de alta para o dólar”, acrescentou Farah. Mesmo a volta do BC ao mercado para recompor reservas é considerada improvável, segundo o executivo. “E quem compra é atraído pelo patamar baixo da moeda, não por um argumento técnico.”
Para o diretor da NGO Corretora de Câmbio, Sidnei Moura Nehme, o cenário atual – com a manutenção do nível de oferta de dólares por parte dos exportadores – não permite que se projete uma melhora sustentada do preço da moeda americana. “Salvo se o BC entrar no mercado, direta ou indiretamente, comprando; e isto nos parece improvável, pois com a perspectiva de elevação iminente do preço dos combustíveis, que dará novo impulso à inflação, manter o dólar bem depreciado é do interesse das autoridades monetárias”, disse.
O analista da Corretora Souza Barros, Hideaki Iha, ressaltou o cenário de tranqüilidade por que passa o mercado de câmbio e sua tendência de queda. Segundo ele, contribuem para esse quadro a recuperação da confiança pelo governo Lula e os dados da economia americana que indicam que o processo de aperto monetário no país será mais moderado do que se imaginava, com chances de paradas técnicas. O petróleo, lembrou, é o único fator negativo. A commodity cedeu 1,43% ontem, para US$ 46,05, mas continua em nível alto.
O comportamento do petróleo, segundo Farah, foi o responsável pela alta das projeções do IPCA entre os agentes do mercado. Para a inflação acumulada nos próximos 12 meses, a expectativa subiu de 6,18% para 6,25%, mantido o prognóstico de 5,50% em 2005.
“A estimativa de alta da Selic para o final do ano também limita uma melhora na curva de juros”, disse o executivo do WestLB. O contrato de DI de janeiro de 2005 indicou taxa de 16,46%, ante 16,43% da sexta-feira. O volume financeiro foi de apenas R$ 7,92 bilhões. Abril de 2005 projetou juro de 17,02%, ante 16,99%.
Gazeta Mercantil
24/8/2004