Dólar é cotado a R$ 3,136; Bovespa acelera ritmo de queda e risco-país atinge 840 pontos

09/01/2009

Paula Dias – Globo On Line

SÃO PAULO – Os títulos da dívida externa brasileira continuam a registrar forte queda nesta segunda-feira de estresse nos mercados em geral. Com isso, mantêm o risco-país acima dos 800 pontos-base e o dólar, acima dos R$ 3,10. Às 12 horas, o C-Bond caía 2%, cotado a 85,75% do seu valor de face.

O risco-país tinha 804 pontos-base (+5,92%). O dólar era negociado por R$ 3,133 na compra e R$ 3,136 na venda, com alta de 2,41%. Já o mercado acionário brasileiro é castigado por fortes ordens de venda nesta segunda-feira de nervosismo em todos os mercados do mundo.

Às 11h39m, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) caía 3,04%, com o Índice Bovespa em 18.053 pontos. O volume financeiro era de R$ 241,2 milhões. O índice americano Dow Jones recuava 1,14% no mesmo horário.

A bolsa paulista caiu 5,03% na semana passada, influenciada principalmente pela expectativa de uma alta iminente de juros nos Estados Unidos. A migração de recursos ocorre até mesmo em bolsas européias e americanas. Isso porque os investidores trocam a renda variável pela renda fixa, em busca de taxas maiores. A alta do petróleo também preocupa, já que tem impacto inflacionário em todos os países.

A uma semana da definição dos juros no Brasil, há forte especulação sobre a possibilidade de interrupção dos cortes. Telemar PN, principal ação brasileira, tem queda de 2,56%. Petrobras PN cai 3,42%, com o temor de que a alta do petróleo não seja repassada para os preços da estatal. Entre as 54 ações do Ibovespa, as maiores quedas são de Eletropaulo PN (-10,3%) e Braskem PNA (-7,4%). As maiores altas são de Tele Leste Celular PN (+1,6%) e Embratel Participações ON (+0,7%).

CÂMBIO – O temor dos reflexos de uma alta de juros nos Estados Unidos continua como pano de fundo do nervosismo. Mas há vários fatores que agravam o mau humor, como a alta do petróleo e as dificuldades dos Estados Unidos no Iraque. No cenário interno, além dos motivos de ceticismo da semana passada, causa mal-estar as afirmações do jornal americano ”The New York Times” sobre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O dólar em alta continua a atrair os exportadores, que garantem fluxo cambial positivo. Na semana passada a balança comercial teve superávit de US$ 534 milhões, levando o acumulado do ano para US$ 8,66 bilhões. Mesmo com o ingresso de recursos externos, as tesourarias bancárias conseguem pressionar o dólar com força.

Não há busca significativa por ”hedge” (proteção) cambial, mas os bancos buscam se antecipar a essa possibilidade. As altas do dólar e do petróleo acendem a luz amarela no mercado de juros, que já considera a possibilidade de o governo interromper os cortes de juros. O Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne na próxima semana para decidir sobre o assunto. Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o Depósito Interfinanceiro (DI) de janeiro tem taxa de 16,52% ao ano, contra 15,86% do fechamento de sexta-feira.