Dólar comercial sobe pelo segundo dia seguido e se aproxima de R$ 1,72

12/11/2010

SÃO PAULO – Impulsionado pelo clima tenso instaurado nos mercados, o dólar comercial fechou esta quinta-feira (11) em alta pela segunda sessão consecutiva, sendo cotado na venda a R$ 1,719 – variação positiva de 0,41%. Indicadores econômicos chineses contaminaram o humor dos investidores, em dia marcado pelo início da reunião do G20, em Seul, na Coreia do Sul, e por diversas declarações acerca do mercado cambial.

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Especula-se que a flexibilização da política cambial chinesa seja um dos principais pontos a serem discutidos no encontro das principais economias emergentes do globo. Na véspera, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que levaria à cúpula do G20 uma proposta de substituição do dólar como principal moeda nas transações internacionais. Nesta quinta-feira, o presidente Lula se manifestou sobre o assunto, dizendo que “não dá para continuar do jeito que está com a guerra cambial".

 

Um pouco mais contido, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, apontou algumas barreiras para a substituição do dólar. Falando à Câmara Mista de Orçamento, Meirelles afirmou que o uso do Direito Especial de Saque (espécie de moeda emitida pelo FMI) como reserva poderia ser positivo, mas tem como barreira a falta de liquidez desse ativo no mercado. "É uma decisão do G20 e do FMI. Mas, para isso, tem de haver um acordo global para que haja liquidez do DES", afirma o presidente do BaCen.

 

A delegação brasileira presente na reunião da cúpula busca o que os analistas do mercado julgam ser quase impossível: um acordo consensual entre os participantes no sentido de promover ações integradas ao invés das medidas unilaterais.

 

Câmbio deve pressionar economia do Brasil
O câmbio tem ganhado cada vez mais espaço tanto no noticiário econômico quanto nas discussões acerca do futuro do País. Na abertura do Fórum Nacional no Rio de Janeiro, o presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social), Luciano Coutinho, disse que a economia deve sofrer pressões causadas pelos desajustes cambiais internacionais. Para ele, “existe um processo de relaxamento monetário nos EUA, inundando o mercado mundial de liquidez. Isso exerce naturalmente pressão forte sobre o real”.

 

No mesmo evento, o ex-ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, também se mostrou preocupado com a apreciação do real, declarando que “guerra cambial é um assunto grave, que afeta principalmente alguns segmentos de produção maciça de produtos industrializados”.

 

BC intervém apenas uma vez no câmbio
Nesta quinta-feira, a autoridade monetária brasileira realizou apenas um leilão de compra de dólares no mercado cambial a vista, diferentemente das duas intervenções diárias que o BaCen tem realizado nas últimas semanas. A compra de dólares desta sessão ocorreu entre as 16h07 e as 16h12 (horário de Brasília) e contou com uma taxa de corte aceita em R$ 1,7163.

 

Por fim, na pauta econômica, o destaque ficou com a China. A inflação no país atingiu a máxima em 25 meses, enquanto a produção industrial apontou para valores levemente abaixo das expectativas. Além das referências da agenda, a agência de classificação de risco Moody´s elevou o rating do governo chinês, de "A1" para "Aa3".

 

Dólar a R$ 1,719
O dólar comercial fechou cotado a R$ 1,7170 na compra e R$ 1,7190 na venda, alta de 0,41% em relação ao fechamento anterior. Com esta alta, o dólar acumula valorização de 0,94% em novembro, frente à alta de 0,65% registrada no mês passado. No ano a desvalorização acumulada da moeda norte-americana já chega a 1,28%.

 

Dólar futuro na BM&F também fechou em alta
Na BM&F, o contrato futuro com vencimento em dezembro opera cotado a R$ 1.722, alta de 0,44% em relação ao fechamento de R$ 1.715 da última quarta-feira.  O dólar pronto, que é a referência para a moeda norte-americana na BM&F Bovespa, registrava R$ 1,7160000.

 

FRA de cupom cambial
Por fim, o FRA de cupom cambial, Forward Rate Agreement, referência para o juro em dólar no Brasil, fechou a 2,36 para janeiro de 2011, estável em relação ao que foi registrado na sessão anterior.

Fonte:
Info Money