Dívida pública deve subir 21%, para R$ 1,73 trilhão neste ano
21/12/2010
A alta do endividamento só não foi maior porque o estoque da dívida pública externa (DPFe) recuou 0,85% sobre o estoque apurado no mês de outubro, ao encerrar novembro em R$ 91,43 bilhões (US$ 53,27 bilhões).
Em relação à composição da DPF, houve aumento na participação da DPMFi, de 94,39%, em outubro, para 94,51%, em novembro. Em contrapartida, a DPFe teve sua participação reduzida de 5,61% para 5,49%.
O Tesouro informou ainda que a previsão é que a dívida pública feche o ano com estoque de R$ 1,73 trilhão, o que levaria a uma alta de cerca de 21% com relação ao observado em 2009, quando encerrou em R$ 1,497 trilhão.
Para o conselheiro da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Roberto Vertamatti, se o governo não tomar atitudes em 2011, como a redução dos gastos públicos, o endividamento público pode chegar a R$ 2 trilhões no próximo ano, acima do previsto pelo governo que é de alta entre 6% a 7% sobre a base de 2010. "Como há muitos prazos a vencer [títulos] em 2011, trabalho com a hipótese de a dívida crescer para R$ 2 trilhões", diz.
Títulos
De acordo com os dados do Tesouro, a parcela dos títulos com remuneração pré-fixada da DPF aumentou de 35,40%, em outubro, para 36,04%, em novembro, devido, principalmente, à emissão líquida de R$ 12,88 bilhões desses papéis. Os títulos remunerados pela taxa Selic tiveram sua participação reduzida de 31,46% para 31,27%, em novembro. Já a participação dos títulos indexados a índices de preços diminuiu de 26,78% para 26,54.
Os vencimentos da DPF para os próximos 12 meses apresentaram crescimento, ao passar de 22,88%, em outubro, para 23,53%, em novembro. O volume de títulos da DPMFi a vencer em até 12 meses ampliou-se de 23,53%, em outubro, para 24,21%, em novembro. Os títulos prefixados correspondem a 59,93% deste montante, seguidos pelos títulos indexados a índices de preços, os quais apresentam participação de 21,01% do total.
O prazo médio da DPF reduziu-se de 3,59 anos, em outubro, para 3,53 anos, em novembro. O prazo médio da DPMFi diminuiu de 3,43 anos, em outubro, para 3,38 anos, em novembro. Já o prazo médio da DPFe diminuiu de 6,19 anos, em outubro, para 6,18 anos, em novembro.
O coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Fernando Garrido, afirmou ontem que expectativa de reajuste na taxa básica de juros (Selic) nos próximos meses fez o governo federal diminuir as emissões de títulos da dívida pública em novembro. No mês passado, o Tesouro Nacional emitiu, nos leilões tradicionais, R$ 19,5 bilhões em títulos. Foi o menor volume desde maio, quando haviam sido lançados R$ 13,4 bilhões.
Segundo Garrido, ao avaliarem que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevará a taxa Selic no início de 2011, os investidores pedem juros mais altos para aceitarem os títulos do Tesouro. Para não aceitar as taxas maiores, que prejudicam a administração da dívida pública, a equipe econômica muitas vezes opta por não emitir os papéis em momentos de volatilidade.
Desta forma, a participação dos estrangeiros na dívida interna voltou a cair em novembro, de 10,19% em outubro para 10,03%.
Tesouro Direto
Ainda com relação aos dados divulgados pelo Tesouro, as emissões do Programa Tesouro Direto realizadas no mês de novembro atingiram o montante de R$ 192,04 milhões. Os títulos mais demandados pelos investidores foram os títulos indexados a índice de preços, ao representar 47,54% do montante. Já a participação dos títulos pré-fixados foi de 43,24%, enquanto os títulos indexados à taxa de juros Selic representaram 9,22%.
Em relação ao número de investidores, 3.260 novos participantes se cadastraram no Tesouro Direto em novembro. Desta forma, o total de investidores cadastrados desde o início do programa chegou a 210.814, o que significa um incremento de 22,40% nos últimos 12 meses.
Fonte:DCI