Disputa pela Vivo pode tirar Telefónica da Telecom Italia

09/06/2010

SÃO PAULO – Especialistas em telecomunicações ouvidos pelo DCI acreditam que, caso a Telefónica compre a participação da Portugal Telecom (PT) na operadora móvel Vivo, a espanhola deverá abrir mão da participação que tem no consórcio Telco, controlador da Telecom Italia, empresa que detém o controle da TIM Brasil. Para o analista do International Data Corporation (IDC), João Paulo Bruder, não há razão para que a Telefónica continue sócia de duas operadoras de celulares no País, uma vez que ele alcance seus objetivos de integrar os serviços da Telesp (Telefônica) à Vivo, para ganhar sinergias. "Acho que para os objetivos deles tem mais sentido investir mais no projeto de controlar e integrar uma operadora", disse o especialista.

Outro que acredita na possibilidade de a Telefónica deixar sua participação de 46,1% no consórcio Telco, controlador da Telecom Italia com 22,5% das ações do grupo, é o consultor da Teleco, Eduardo Tude. Segundo ele, o conflito de interesses nas duas operações deve criar uma pressão por parte do conselho de acionistas da Telecom Italia pela saída do grupo espanhol do capital da empresa. "Eles já demonstram uma insatisfação com o negócio, porque o veem como incompatível", revela.

De acordo com o especialista em telecomunicações, se o conselho da Telecom Italia forçar a saída dos espanhóis do quadro acionário da companhia, a Telefónica perderia a chance de consolidar seus negócios na Europa, com a possibilidade de assumir, no futuro o controle da Telecom Italia. "A ação deles no consórcio Telco já deu frutos, mas eles demonstram interesse em consolidar nos negócios no continente", explicou ele.

Mercado

Enquanto o mercado aguarda uma definição sobre a disputa entre Telefónica e Portugal Telecom pelo controle da Vivo, o presidente da Telecom Italia, Gabriele Galateri, afirmou que a oferta da Telefónica pela participação de PT na operadora móvel brasileira não muda sua estratégia empresarial no País.

Galateri disse também que prefere não comentar declarações de acionistas e afirmou que o interesse da Telefónica pela Vivo demonstra que "o Brasil é um país extremamente importante" e confirma a estratégia da operadora italiana de "desenvolver" sua presença no País.

Já o presidente da Portugal Telecom, Zenial Bava, disse que não garante a distribuição aos acionistas do valor total de uma eventual venda à Telefónica da participação da PT na Vivo e ainda acha a oferta de 6,5 bilhões de euros baixa. "A oferta não reflete o valor estratégico deste ativo para a Telefónica." A assembleia de acionistas do grupo português será a 30 de junho, quando se discute a oferta pela fatia de 50% da PT na Brasilcel, holding que controla Vivo.

Fonte:
DCI