Dez joias italianas para beber e sonhar

12/10/2009

Da Sicília ao Veneto, uma viagem pelas melhores regiões produtoras de vinho da Itália em busca dos segredos escondidos nas garrafas que estão chegando agora ao Brasil

Eram mais de 100 rótulos, todos eles com excelente pontuação nos guias mais prestigiados da Itália e dos Estados Unidos. Para os enófilos, uma Disneylândia em que Baco toma o lugar de Mickey Mouse. Para os iniciantes no mundo do vinho, uma espécie de Salão do Automóvel engarrafado – no bom sentido. Assim como produz Ferraris, Maseratis e Lamboghinis, a Itália também faz com suas uvas algo que só gente rica pode comprar. Os equivalentes etílicos das máquinas superesportivas também inspiram sonhos de consumo, e empurram para cima os parâmetros de qualidade no mundo do vinho.

Foi isso o que se viu na semana passada, durante a World Wine Experience – Itália, organizada pelo grupo La Pastina. Separados por produtor e região, vinhos tão diferentes entre si quanto os Prosecco, os Chianti e os de sobremesa convidavam a um passeio pela exuberante geografia dos vinhedos italianos. Guiada pelo sommelier Maurício Leme, a reportagem de ÉPOCA experimentou uma dezena dessas joias italianas. A seguir, as impressões colhidas na degustação, segundo a ordem em que os vinhos foram provados.

 Brancos

Chardonnay “La Fuga” DOC 2007 (R$ 98). A vinícola siciliana Donnafugata, cujo nome cita o cenário em que se passa o romance O Leopardo, de Giusppe Tomasi de Lampedusa, costuma produzir seus vinhos com uvas autóctones, como Ansonica Branca. Mas foi com a chardonnay que alcançou sua nota máxima no guia italiano Duemilavini (DMV).

Capitel Croce IGT 2006 (R$ 108). Roberto Anselmi é um produtor que desde 1948 trabalha com a uva garganega, a mais usada no distrito de Soave, no Vêneto. Este branco rico, de cor âmbar, conseguiu 90 pontos na revista norte-americana Wine Spectator (a escala vai de 50 a 100).
Greco di Tufo DOCG 2006 (R$ 112). O enólogo Riccardo Coratella é um dos responsáveis pelo atual renascimento do vinho da Campania, no sul da Itália. As uvas são colhidas em vinhedos centenários, mas processadas numa moderna cantina da vinícola Feudi di San Gregório, de desenho minimalista e tecnologia de ponta. Como resultado, vinhos imponentes como o Greco di Tufo, “due bichieri” (duas taças) na cotação do guia Gambero Rosso.
Zuc di Vople Pinot Bianco DOC 2007 (R$ 150). A Volpe Pasini é uma vinícola do Friuli que se especializou em brancos de harmionia, equilíbrio e elegância. Seu estruturado pinot bianco, do qual apenas 20% envelhece em madeira, obteve 4 pontos no guia DMV (que usa a escala de 1 a 5).
 Tintos
Palari Faro DOC 2006 Palari Faro DOC 2006 (R$ 333), extraído de antigos vinhedos restaurados pelo arquiteto Salvatori Geraci nas colinas ao redor de Messina. Usa só cepas endêmicas para produzir um vinho aveludado e persistente na boca.
Giorgio Primo IGT 2004 (R$ 420). Giampaolo Motta é um visionário do vinho. Já perdeu parte de um vinhedo na Toscana por não ter como honrar empréstimos, mas nunca desistiu de fazer vinhos espetaculares. Sua parceria com o enólogo Carlo Ferrini produz vinhos sensacionais, caso do Giorgio Primo. Inspirado nos grandes rótulos de Bordeaux, esse tinto toscano obteve 93 pontos na cotação de Robert Parker.
Chianti Classico Castello di Brolio DOCG 2003 (R$ 259). O barão Francesco Ricasoli assumiu a vinícola da família em 1993, quando replantou os vinhedos e aprimorou a vinificação do Chianti Clássico. Em 2000, sua vinícola na Toscana foi eleita a melhor da Itália pelo guia Gambero Rosso – que deu nota máxima para o equilibrado Castello di Brolio. O vinho também obteve 92 pontos na Wine Spectator.
Edizione n° 08 Cinque Autoctoni Edizione n° 08 Cinque Autoctoni (R$ 160). A Vini Farnese possui vinhedo em duas regiões, Puglia e Abruzzo, onde cultiva desde o século 16 uvas típicas da região, como montepulciano, primitivo, sangiovese, negroamaro e malvasia nera. O rótulo não indica a safra nem as uvas usadas, apenas diz que são cinco autóctones. O resultado é espetacular.
Es Primitivo di Manduria IGT 2007 (R$ 318). O produtor Gianfranco Fino, da Puglia, foi buscar na obra do psicanalista Sigmundo Freud a inspiração para o curioso nome “Es”, que significa paixão desenfreada. Como cada videira da cepa primitivo produz apenas 400 gramas de uva, são necessários três plantas para produzir uma garrafa. A conentração de álcool chega a 17 º.
 Sobremesa
 
 
Passito di Pantelleria “Ben Ryé” 2006 Passito di Pantelleria “Ben Ryé” 2006 (R$ 181, a garrafa de 375 ml), que recebeu 90 pontos de Robert Parker e foi eleito o melhor vinho de sobremesa do ano pelo guia italiano Gambero Rosso
 Entenda as siglas:
IGT – Indicação Geográfica Típica
DOC – Denominação de Origem Controlada
DOCG – Denominação de Origem Controlada e Garantida

Fonte:
Época