Desemprego sobe a 19,8% e a renda, para salário baixo, encolhe 4,3%
09/01/2009
Raquel Salgado De São Paulo
O mercado de trabalho da região metropolitana de São Paulo voltou a se retrair, com a taxa de desemprego subindo para 19,8% em fevereiro, após o resultado de janeiro repetir o de dezembro, em 19,1%.
Em doze meses, terminados em fevereiro, a taxa também subiu de 19,1% para 19,8%, segundo o Dieese e a Fundação Seade. A pesquisa mostrou que o contingente de desempregados aumentou em 100 mil pessoas. Foram criadas apenas 67 mil novas vagas.
O desemprego aberto (pessoas que procuraram trabalho nos 30 dias anteriores à pesquisa e não exerceram nenhum trabalho nos últimos sete dias) cresceu para 12,6%, frente aos 11,9% em janeiro. A taxa de desemprego oculto pelo desalento (pessoas que não procuraram emprego por estarem desestimuladas) passou de 2,1% para 2,2%. O desemprego oculto pelo trabalho precário (atividade eventual, remunerada mas sem perspectiva de continuidade) manteve-se em 5%.
Segundo o diretor-técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, o número de fevereiro ficou dentro das expectativas, pois já era esperada uma diminuição do nível de ocupação após as contratações temporárias verificadas no final do ano. “Fevereiro e março devem ser os piores meses do ano, mas uma recuperação pode ocorrer a partir de abril”, disse.
O nível de ocupação apresentou queda de 1,4%. A indústria reduziu 21 mil postos de trabalho e registrou decréscimo no número de empregados sem carteira assinada. O comércio eliminou 25 mil postos, também pela redução dos trabalhadores sem carteira, além dos autônomos. O corte no setor de serviços foi de 42 mil postos.
Quanto ao rendimento real, foram os trabalhadores com menores salários os que mais sofreram. Entre janeiro de 2003 e o mesmo período em 2004, a queda ficou em 4,3% e o rendimento recuou de R$ 318 para R$ 304. Na situação inversa estão aqueles que ganham mais e aumentaram seus rendimentos de R$ 1.934,00 para R$ 2.029,00 (alta de 4,9%).
Na opinião de analistas, a redução captada Dieese não se choca com os resultados positivos divulgados pelo Ministério do Trabalho e pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Segundo o Ministério do Trabalho, num universo estrito de empregados com carteira assinada, o emprego teve uma elevação de 0,54% na região metropolitana de São Paulo em fevereiro. Como a pesquisa do Dieese mediu, em grande parte, a demissão de temporários sem carteira, criou-se a distinção nos resultados.
No segmento da indústria, o corte de vagas na região metropolitana foi considerado comum pelo diretor do departamento econômico da Fiesp, Cláudio Vaz. Ele explica que a capital tem hoje uma indústria menos dinâmica que a do interior na geração de empregos. A Fiesp captou um aumento de 0,49% no nível de emprego industrial em fevereiro em todo o Estado. (Colaborou Gustavo Faleiros)
Valor Economico 25/3/2004