Déficit em conta corrente dos EUA chega a 7% do PIB

09/01/2009

O déficit em conta corrente dos EUA sofreu sua maior deterioração trimestral no final do ano passado, atingindo o recorde de 7% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. O resultado, pior que o esperado, alimentou os temores de economistas de que os desequilíbrios globais possam afetar a moeda americana.

O déficit atingiu US$ 225 bilhões entre setembro e dezembro, muito acima dos US$ 185,4 bilhões do trimestre anterior.

No resultado do ano de 2005 como um todo, o buraco nas contas americanas foi de US$ 805 bilhões, equivalente a 6,4% do PIB.

“Um déficit em conta corrente desta magnitude jamais vista é insustentável e não há esperanças de que será resolvido apenas com base em maiores exportações”, disse Paul Ashworth, analista da Capital Economics.

As exportações totais dos EUA representam apenas 10,5% do PIB. Para zerar o déficit, os embarques do país ao exterior deveriam crescer em 70%. “Isso claramente não vai acontecer”, disse Ashworth. “Em vez disso, vai exigir uma depreciação do dólar combinada a uma demanda bem mais amena de importados”.

A conta corrente dos EUA há muito se beneficia de uma balança positiva de rendimentos internacionais, com os investidores do país recebendo mais retorno de ativos no exterior do que os EUA precisam pagar aos investidores de outros países. Em 2005, porém, essa situação começou a mudar. No quarto trimestre, a balança de rendimentos fechou no vermelho em US$ 2,4 bilhões.

Até agora, os EUA têm tido pouco problemas em financiar seu déficit em conta corrente, já que os investidores estrangeiros estão dispostos a comprar cada vez mais ativos americanos e os bancos centrais da Ásia continuam comprando títulos dos EUA para impedir uma valorização de suas moedas locais.

Desde o começo deste ano, o dólar subiu cerca de 3,5% em termos de poder de compra no comércio externo. Mas analistas suspeitam que o apoio ao dólar possa começar a diminuir em 2006. O financiamento do déficit em 2005 foi ajudado pelo Ato de Criação de Empregos, que incluiu uma provisão permitindo temporariamente às multinacionais dos EUA repatriar lucros no exterior a uma taxa mais baixa.

Os economistas também se preocupam com o fato de que o dinheiro captado no exterior está sendo usado para gastos correntes dos consumidores, em vez de canalizados para investimentos corporativos, o que pode minar a habilidade do país pagar de volta o dinheiro. As empresas americanas se tornaram poupadores enquanto os consumidores americanos e o governo estão pedindo muito emprestado. Além da queda do dólar, o déficit poderia ser diminuído se os consumidores freassem seus gastos nos próximos anos.

Fonte:
Valor Economicocom
Agências Internacionais