DaimlerChrysler volta a produzir em fábrica de Minas Gerais
09/01/2009
EXAME A DaimlerChrysler começará, neste mês, a produzir o modelo Classe C Sports Coupé na fábrica da Mercedes de Juiz de Fora, Minas Gerais, e terá de contratar mais de 300 funcionários em 2007 para reforçar o trabalho na unidade, segundo o sindicato dos metalúrgicos da região. Ainda de acordo com os representantes dos empregados, a produção deve ficar em torno de 8 mil veículos neste ano e saltar a 38 mil unidades em 2008.
A fábrica mineira passará a ser a única no mundo a produzir a versão esportiva do Classe C, antes confiada à Alemanha – desde 2001, 275 mil veículos deixaram a unidade européia, ou pouco mais de 40 mil por ano. O primeiro carro do modelo deixará a linha de montagem de Juiz de Fora em 20 de abril. Em uma primeira etapa, a fábrica brasileira receberá carrocerias vindas da Alemanha e será responsável pela pintura e montagem final dos veículos. Na segunda etapa, prevista para começar no segundo semestre do ano, a fábrica também produzirá as carrocerias. Os fornecedores serão nacionais desde o início da produção, segundo a DaimlerChrysler.
Para o sindicato dos metalúrgicos de Juiz de Fora, a unidade, que interrompeu a produção de outros dois modelos (Classe A e Classe C sedã) nos últimos dois anos, pode finalmente entrar no ritmo da indústria brasileira com o Classe C Coupé – em março as montadoras fecharam o melhor trimestre de vendas da história. “Estamos acreditando que essa é a chance de haver normalidade, para que a gente possa discutir com a fábrica conquistas dos funcionários, e não saídas para que não haja fechamento”, afirma João César da Silva, vice-presidente da entidade. Inaugurada em 1999 com incentivos fiscais do governo de Minas Gerais, um investimento de 820 milhões de reais e uma expectativa de produzir 70 mil carros por ano, a unidade de Juiz de Fora teve como primeira incumbência a produção do Classe A destinada aos consumidores brasileiros, que acabou interrompida em 2005 depois de levar 65 mil veículos ao mercado. Desde então, a montadora e os cerca de 1.100 funcionários seguem tentando encontrar um destino à unidade. A DaimlerChrysler também experimentou trazer o Classe C sedã à linha de montagem mineira, entre os anos de 2001 e 2003 e depois novamente em 2005. Foram 30 mil veículos produzidos, desse modelo, até 2006, quando a produção foi concentrada na Alemanha.
As reviravoltas trouxeram aos funcionários o temor de fechamento da unidade, possibilidade descartada pela montadora. “A empresa nunca encarou dessa forma, sempre procuramos alternativas”, diz André Senador, diretor de comunicação corporativa da DaimlerChrysler. A montadora não confirma a meta de produzir 8 mil veículos em 2007 e quase quintuplicar esse número no próximo ano, tampouco a necessidade de contratação de funcionários, apesar de o sindicato declarar já ter sido notificado sobre o recrutamento de novos funcionários. De acordo com os sindicalistas, há até mesmo um acordo para que a empresa dê prioridade à contratação de empregados temporários que prestaram serviço à montadora em 2001.
Silva, do sindicato, diz que está em estudo a abertura de um novo turno de trabalho na fábrica, que hoje conta com jornada de 44 horas semanais, para produção de peças de reposição para exportação. “Nossa expectativa é de que a situação vai melhorar porque o Classe C Coupé está destinado a todo o mundo, enquanto os outros modelos iam só para o Brasil ou para os Estados Unidos. Esperamos que a partir de 2009 haja dois turnos de trabalho, para ocupar toda a capacidade de 70 mil veículos”, afirma. O sindicalista também declara que já há uma negociação em curso quanto à jornada de trabalho – a montadora pretenderia elevar o número para 47,5 horas por semana. A DaimlerChrysler preferiu não comentar as afirmações do sindicato.
Fonte:
Exame
Larissa Santana