Cutrale deve faturar 50% a mais em 2006 e amplia mercado

09/01/2009

ARARAQUARA (Reuters) – Com a alta dos preços do suco de laranja concentrado, o faturamento da Sucocítrico Cutrale deverá fechar 2006 com crescimento de pelo menos 50 por cento ante os 500 milhões de dólares obtidos no ano passado, informou um executivo da empresa, que acredita ainda que a companhia tenha aumentado sua participação de mercado.

As vendas esperados da ordem de cerca de 750 milhões de dólares para este ano devem ser alcançadas porque 80 por cento dos negócios da Cutrale estão baseados em exportações de FCOJ (suco concentrado), produto que está perto do maior valor em 16 anos, num setor em que o Brasil domina o mercado internacional.

Na safra anterior (julho de 2005 a junho de 2006), os preços internacionais já fizeram as receitas com exportações de todo o setor aumentarem para 1,2 bilhão de dólares, apesar do recuo de 4,9 por cento no volume exportado (1,34 milhão de toneladas de FCOJ), devido a uma menor oferta de matéria-prima.

“Este ano já podemos informar que deve aumentar pelo menos 50 por cento, não sei ainda. Nos preços que estão hoje… Exportando até um pouco menos (em volume)”, disse à Reuters o diretor de Finanças e Administração da Cutrale, José Cervato, na sede da empresa, em Araraquara (SP).

Não fossem os preços internacionais mais altos, o setor estaria com problemas, disse Cervato, considerando que o câmbio atual afeta fortemente as empresas exportadoras.

Para 2006/07, além da receita maior, é provável que o volume exportado também supere um pouco o registrado na temporada anterior, uma vez que a Cutrale estima que a colheita, em franco desenvolvimento no Estado de São Paulo, seja 10 por cento maior que a da safra anterior.

Segundo ele, que trabalha há 36 anos da empresa de 39 anos de existência, a Cutrale produz atualmente entre 450 mil e 500 mil toneladas de suco, em uma safra normal, e poderia aumentar para até 550 mil toneladas, sem realizar investimentos adicionais em maquinários, se a produção da matéria-prima fosse maior.

Neste momento, avalia Cervato, até seria interessante uma maior produção de laranja, uma vez que o Brasil poderia preencher espaço deixado pela Flórida no mercado internacional.

Mais para frente, entretanto, quando os norte-americanos conseguirem retomar parte de sua produção, o Brasil precisaria derrubar tarifas impostas à importação de suco e também conseguir novos clientes.

Cervato contou que as duas plantas da Cutrale na Flórida operam com capacidade ociosa, em função da baixa oferta de laranja. Além de Araraquara, a empresa tem fábricas em Colina, Conchal, Itápolis e Uchoa, municípios do Estado de São Paulo.

MAIS MERCADO E NOVA APOSTA

Mesmo em uma situação em que a oferta de matéria-prima limita o crescimento da produção de suco no Brasil, a Cutrale acredita ter ampliado o mercado.

“Acreditamos que tenhamos aumentado um pouco a nossa participação, em função dessa melhoria que fizemos no sistema de logística e aumento de produtividade, um esforço grande para melhorar a eficiência”, comentou Cervato, sem arriscar um percentual de mercado.

A Cutrale, uma empresa familiar que está na sua terceira geração, deteria cerca de 35 por cento do negócio no Brasil, que é concentrado praticamente em quatro empresas, e estaria ligeiramente à frente da Citrosuco, do grupo Fischer.

Nos últimos três anos, a Cutrale investiu praticamente 100 milhões de dólares em armazenamento, transporte, irrigação de pomares, plantio de novas áreas e pessoal. E tem planos de continuar investindo de 10 a 20 milhões de dólares por ano.

Uma parte do investimento em armazenamento foi direcionado para a construção de tanques para guardar a crescente produção de suco integral pasteurizado (NFC, do inglês Not From Concentrate), que tem aumentado numa taxa de 15 por cento/ano.

A Cutrale inaugurou em 2005 um novo sistema de armazenagem de NFC para 40 milhões de litros em Araraquara, praticamente o mesmo volume do armazém do FCOJ no município.

A diferença é que o NFC, por ser seis vezes menos concentrado que o FCOJ, ocupa mais espaço nos armazéns.

O pasteurizado é um produto do tipo premium, pois é feito com as melhores laranjas, sem que as frutas percam qualidades essenciais, uma vez que não passam pelo processo de evaporação.

O suco pasteurizado, totalmente destinado ao mercado internacional, é produzido nas plantas de Araraquara e Colina.

“A Flórida estava com dificuldade de atender o ano todo… Então fizemos um investimento aqui para atender. Todo mundo produzia na Flórida, os nossos concorrentes. E a Europa querendo o produto, então desenvolveu-se um sistema de produzir aqui e levar para lá”, disse Cervato.

Fonte:
Reuters Brasil