Crise política faz estragos nos mercados

09/01/2009

Quase dois meses depois do surgimento das denúncias de corrupção no governo, a crise política bateu ontem com força às portas do mercado financeiro. O investidor estrangeiro, principalmente o mais especulativo, decidiu desmontar as operações nos mercados futuros. O impacto foi imediato e atingiu todos os segmentos. O dólar subiu 2,67%, para R$ 2,4620. A Bolsa de Valores de São Paulo caiu 3,39% em reais e 5,48% em dólar. Os juros futuros explodiram, especialmente os de vencimento mais longo, mais usados pelos estrangeiros. O contrato com vencimento em janeiro de 2007 subiu de 17,85% para 18,12% ao ano. O risco-Brasil também foi afetado, avançando 1,2%, para 421 pontos.

Os investidores domésticos já manifestavam preocupação há tempos, mas os mercados eram sustentados pelos estrangeiros. Segundo Paulo Leme, estrategista para América Latina do Goldman Sachs, “o investidor externo tratava a crise com total descaso e agora mudou seu comportamento”. As matérias do “Financial Times” foram determinantes, diz.

Os investidores estrangeiros estavam vendidos em dólar e comprados nas taxas de juros prefixadas. Isso porque as apostas, até a semana passada, eram de que o dólar seguiria sua rota de queda e os juros continuariam a cair. Desde sexta-feira, os estrangeiros passaram a reverter essas posições, compraram dólares no mercado futuro e venderam posições prefixadas

Fonte:
Valor Economico
Cristiane Perini Lucchesi
Luiz Sérgio Guimarães
26/7/2005