Crise internacional vai fazer Brasil crescer menos em 2011

29/09/2011

A crise internacional vai fazer o Brasil crescer menos em 2011. O Banco Central divulgou nesta quinta-feira (29) uma pesquisa na qual projeta que o cenário internacional “deteriorado” fará o país desacelerar. A previsão é de que o PIB (Produto Interno Bruto, soma de todas as riquezas produzidas aqui) avance 3,5% em 2011. A projeção anterior era de que esse número ficasse em 4%.

O Relatório de Inflação, publicado a cada três meses pelo BC, serve para avaliar o desempenho da economia e do avanço de preços no país a fim de permitir o controle das políticas de aumento dos juros e do encarecimento do crédito para evitar a forte subida da inflação.

Para o banco, a inflação deve ficar em 6,4% neste ano no IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), o indicador oficial. Esse número é quase o limite do chamado teto da meta, que vai até 6,5%, considerada uma “margem de segurança” da inflação. Hoje, a inflação acumula uma variação de 7,23%.

Para o ano que vem, a projeção é de que a inflação fique em 4,7% em 2012. Segundo o BC, o bom momento do mercado de trabalho e o consumo em alta no país, apesar da alta taxa de juros, manterão a economia aquecida.

– No Brasil, observa-se moderação do ritmo de atividade, que, entretanto, ainda continuará sendo favorecida pela demanda interna. Para tanto, contribuirão o vigor do mercado de trabalho e a expansão do crédito, a despeito de alguma moderação na margem. No âmbito do crédito às famílias, persiste a expansão dos financiamentos habitacionais, impulsionada, em parte, por avanços institucionais verificados nesse mercado.

Segundo o BC, as maiores preocupações vêm de fora, por causa do agravamento da crise fiscal na Europa e do temor sobre a recuperação da economia dos EUA (Estados Unidos).

– Essa revisão reflete a deterioração do cenário internacional, que tem levado a reduções generalizadas e de grande magnitude nas projeções de crescimento para os principais blocos econômicos. O ambiente econômico internacional mais restritivo tende a permanecer por um período mais prolongado do que se antecipava.

Foram justamente esses fatores que levaram o BC a decidir baixar a taxa básica de juros (a Selic) em agosto, de 12,5% ao ano para 12%. A medida surpreendeu os economistas e analistas de mercado, que esperavam a manutenção, porque poderia levar a um aumento de consumo e à inflação ainda maior.

Dessa forma, pelos cálculos do BC, o IPCA ainda não irá convergir para o centro da meta de inflação, de 4,5%, no ano que vem. O presidente do BC, Alexandre Tombini, disse no início dessa semana que essa convergência era possível. Pelos dados do BC, divulgados hoje, a inflação só chegará ao centro meta no segundo trimestre de 2013.

A estimativa do BC é mais otimista do que as previsões do mercado. A última pesquisa Focus do BC, que coleta estimativas de instituições financeiras e consultorias, projeta que o IPCA fechará 2011 em 6,52% e 5,52% em 2012.

 

Fonte:
Agência Estado