Crise faz milionários trocarem banco por conselheiro particular
27/07/2012
A crise financeira tem aumentado a procura de milionários brasileiros por serviços independentes de gestão de fortunas. São uma espécie de personal trainers das aplicações, dão dicas especialmente pensadas para o perfil de cada cliente. Segundo pesquisa do Instituto Fractal, a busca por esses serviços quase dobrou em um ano.
A pesquisa foi feita com milionários de São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba e Belo Horizonte. São pessoas que têm, pelo menos, R$ 3 milhões investidos em um só banco.
Em 2010, o percentual de milionários que usavam serviços particulares para aconselhar sobre seus investimentos era de 10,5%. No fim de 2011, o índice dobrou para 20,3%.
Os milionários não dispensam totalmente os bancos. Além do administrador independente, os grandes investidores também recorrem aos serviços de private banking, que são prestados pelos próprios bancos. O private banking tenta dar um atendimento especial dentro dos bancos, mas o administrador financeiro independente seria ainda mais eficiente, conforme a conclusão da pesquisa.
"A partir de 2008, muitos clientes que tinham dinheiro aplicado em private banking viram seu patrimônio perder valor porque não foram avisados a tempo sobre a crise financeira. Eles passaram, então, a optar por gestores independentes", diz o diretor-presidente do Instituto Fractal, o economista Celso Grisi.
Para clientes, gestores são mais capacitados
Entre os motivos que levaram os milionários a procurar os gestores independentes está a ideia de que eles oferecem uma diversidade maior de opções de investimentos e orientações que os gerentes de private banking. Essa é a opinião de 15,5% dos entrevistados.
Para 7,7% dos clientes, os gestores independentes são mais capacitados para avaliar riscos; para 6,4%, eles sabem identificar melhor as oportunidades oferecidas no mercado.
"O gerente de private banking geralmente oferece produtos apenas do próprio banco, enquanto os gestores oferecem mais opções", diz Grisi.
Para o economista, o crescimento da busca por conselheiros independentes terá impacto nos bancos. "O setor de private banking terá de se esforçar para recuperar mercado."
Dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) mostram que existiam em 2011, no Brasil, pouco mais de 50 mil clientes atendidos em private banks.
Nesses números são considerados clientes que têm pelo menos R$ 1 milhão em investimentos. A alta, na comparação com 2010, foi de 5,7%.
Aumenta busca por investimentos conservadores
A pesquisa do Instituto Fractal mostra ainda que tem havido um aumento na busca por investimentos mais conservadores. "Os clientes têm procurado mais segurança, investindo mais em ouro, dólar e renda fixa", afirma Grisi.
Os imóveis, porém, são o tipo de investimento mais comum: todos os entrevistados disseram ter algum investimento do tipo, e 96,4% afirmaram que pretendem mantê-lo no futuro.
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