Crise com a Bolívia não altera os projetos da Gás Brasiliano

09/01/2009

Ribeirão Preto (SP), 17 de Outubro de 2006 – Empresa, controlada pela italiana ENI, mantém investimento de R$ 280 milhões no período até 2009.

Apesar dos conflitos entre Brasil e Bolívia envolvendo a nacionalização das refinarias da Petrobras naquele país e as negociações sobre o reajuste do preço do gás natural boliviano fornecido ao Brasil, a Gás Brasiliano (GDB) — empresa controlada pela italiana ENI e que detém a concessão de distribuição de gás no noroeste paulista, numa área equivalente a 51% do Estado de São Paulo –segue em frente com seus programas de investimento na região.

“Até janeiro ou fevereiro do próximo ano, o gasoduto chegará a Ribeirão Preto”, informa Ronaldo Kohlmann, assessor da diretoria geral da Gás Brasiliano. Segundo ele, os investimentos da empresa em redes de distribuição foram de R$ 55,3 milhões até dezembro de 2004. “O plano de negócios para o qüinqüênio 2005-2009 é de cerca de R$ 280 milhões, em valores de novembro de 2004”, afirma. E será mantido, garante.
Segundo Kohlmann, as divergências entre Brasil e Bolívia “não nos afetou até o momento. Temos contrato com a Petrobras que está sendo mantido.” Ele afirma que “existem notícias de negociações em curso entre a Petrobras e os bolivianos segundo as quais não há espaço para aumentos de preços. O contrato firmado entre as partes contempla reajustes trimestrais de acordo com uma cesta de óleos internacionais.”

O gasoduto está a poucas dezenas de quilômetros de Ribeirão Preto. Segundo Kohlmann, o potencial projetado na área de concessão até 2010 será de 26 milhões de metros cúbicos por mês e, deste volume, Ribeirão Preto deverá consumir cerca de 2,3 milhões de metros cúbicos.

“A economia para os futuros usuários do gás natural dependerá do tipo de energético utilizado (óleo combustível, GLP, energia elétrica, etc.), pois cada um tem um custo diferente,” diz Kohlmann. “Porém, outro fator tão importante quanto o ganho econômico, é o ganho ecológico, pois o gás natural é um combustível limpo”, afirma. “Além disso, há o ganho em segurança, pois não existem reservatórios de combustível na empresa, e uma melhoria logística de recebimento de produto.”

Por enquanto, o gás natural chega a Ribeirão Preto em volumes pequenos, em caminhões que transportam o gás comprimido de Araraquara até uma estação de descompressão, localizada na região norte da cidade. Da estação, o gás segue para uma rede de distribuição, que leva o combustível até a um grupo limitado clientes – um condomínio de casas populares, alguns postos e empresas alimentícias.

“A partir de 2007, além das indústrias, teremos os postos de GNV, os usuários comerciais (hotéis, restaurantes e shopping centers), os residenciais e as companhias que usam caldeiras e fornos”, afirma Kohlmann. Hoje, os principais clientes da Gás Brasiliano são as empresas sucocítricas, da região de Araraquara, as alimentícias e as cerâmicas de Porto Ferreira.

Quantos às vendas de GNV para postos de combustível, o volume, por enquanto, é pequeno quando comparado com o total. “Porém, as vendas vêm crescendo sistematicamente, todos os meses, e a expectativa é de quase dobrar até o final de 2007”, informa Kohlmann.

Dados recentes da Gás Natural São Paulo Sul, que detém a concessão no Sul do Estado, mostram que o gás natural veicular (GNV), na região de Sorocaba, é 39% mais econômico do que o álcool e 58% mais econômico do que a gasolina. “Em Ribeirão Preto, a ordem de economia será a mesma, porém, neste início de fornecimento via caminhões, no qual existe o custo de transporte rodoviário, esperamos obter apenas a metade da economia, o que já é significativo. Porém esta situação não deve ser longa e se normalizará a partir de janeiro e fevereiro, quando teremos a interligação do gasoduto. Aí, sim, teremos uma economia maior.”

kicker: “Um outro fator tão importante quanto o ganho econômico, é o ganho ecológico, pois o gás natural é um combustível limpo”

Fonte:
Gazeta Mercantil/Caderno C
Edson Álvares da Costa