Crescimento menor do PIB ajuda no controle da inflação, avalia BC

26/06/2014

Alexandro Martello Do G1, em Brasília

O diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton, avaliou nesta quinta-feira (26) que o crescimento da economia brasileira abaixo do chamado "PIB potencial" – que possibilita uma expansão sem pressões inflacionárias – contribui para o controle da inflação no país. Isso ocorre porque, com o crescimento fraco, há queda na demanda, o que reduz as pressões sobre os preços.

Segundo o relatório de inflação do segundo trimestre, divulgado pela autoridade monetária, o "hiato do produto tem se deslocado no sentido desinflacionário". "De fato, na margem [últimos meses], as taxas de expansão da atividade têm sido menores do que as estimativas de de crescimento potencial da economia", acrescentou o BC no documento.

De acordo com a explicação de Carlos Hamilton, do BC, isso quer dizer que o crescimento da economia brasileira abaixo do chamado "PIB potencial" contribui para o controle da inflação. Ele lembrou que o chamado "horizonte" de atuação da política monetária, porém, vai até o segundo trimestre de 2016.

"A economia brasileira está passando por uma transição, ajuste, rebalanceamento. Durante este período, as taxas de crescimento tendem a não ser tão elevadas quanto há alguns anos. O crescimento está menor do que o potencial. Neste período de transição, acreditamos que vão ocorrer mudanças na composição da demanda e oferta agregadas", declarou ele.

Nível de atividade fraco
O nível de atividade da economia brasileira tem se mostrado fraco neste início de ano como resultado, também, do aumento da taxa básica de juros da economia brasileira implementado entre abril do ano passado e maio de 2014. Neste período, o BC elevou a taxa em 3,75 pontos percentuais, de 7,25% para 11% ao ano. Os bancos, por sua vez, subiram mais ainda as taxas cobradas de seus clientes.

No primeiro trimestre deste ano, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB cresceu somente 0,2%. Nesta quinta-feira, o BC revisou de 2% para 1,6% sua estimativa para o crescimento da economia brasileira em todo este ano – projeção que ainda está acima do que prevê o mercado financeiro (alta de 1,16%). No ano passado, o PIB registrou alta de 2,5%.

Segundo o BC, porém, o impacto do crescimento menor da economia brasileira na inflação pode demorar um pouco para acontecer. Isso porque a autoridade monetária subiu sua estimativa para a inflação de 2014 de 6,1% a 6,2% para 6,4% – muito perto do teto de 6,5% vigente no sistema de metas de inflação.

Pelo sistema de metas que vigora no Brasil, o BC tem de calibrar os juros para atingir as metas pré-estabelecidas, tendo por base o IPCA. Para 2014 e 2015, a meta central de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Desse modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.

O Banco Central também admitiu nesta quinta-feira que aumentou a chance de o IPCA deste ano ficar acima do teto de 6,5% do sistema de metas de inflação. Em março, a chance de acontecer o chamado "estouro" da meta de inflação estava entre 38% e 40%. No documento divulgado nesta quinta, o BC informa que essa possibilidade passou para um valor entre 46% e 48%.

 

Fonte:
G1