Cresce participação de brasileiros em fusões e aquisições
09/01/2009
Ativos no Brasil estão mais caros, devido ao câmbio valorizado, o que afasta estrangeiros e abre espaço para grupos nacionais
EXAME O número de aquisições de controle e compras de participações minoritárias lideradas por empresas brasileiras cresceu 41% nos quatro primeiros meses do ano, em comparação com igual período de 2005. De acordo com a consultoria Pricewaterhousecoopers (PwC), o país registrou 97 operações de compra de controle ou partes minoritárias até abril. Desse total, os grupos brasileiros lideraram 55 operações, ou 57% do total. No mesmo intervalo de 2005, os brasileiros comandaram 39 transações, ou 46% dos acordos registrados.
Segundo a PwC, três fatores explicam o avanço dos brasileiros nas fusões e aquisições até abril. O primeiro é que os investidores nacionais estão mais capitalizados e, portanto, têm mais condições de disputar bons negócios. O segundo decorre da valorização do real, que encareceu os ativos em reais para os investidores estrangeiros e acabou afastando alguns interessados em atuar no país. Por último, o real forte também barateou os ativos em dólares oferecidos no exterior, o que permitiu aos grupos nacionais buscarem oportunidades em outros países.
Um efeito do câmbio foi a substituição de estrangeiros por brasileiros no comando de algumas empresas durante o primeiro quadrimestre. Entre os exemplos citados pela PwC, estão a compra, pelo Bradesco, das operações da American Express no Brasil por 490 milhões de dólares, e a aquisição da Etti, cujo controle pertencia à Parmalat, pela Assolan por 90 milhões de reais. Mesmo não entrando nas estatísticas do período, a PwC lembrou também a aquisição das operações do BankBoston no país, anunciada em maio pelo banco Itaú.
Outro reflexo da valorização cambial foi o avanço de empresas brasileiras no exterior. Foram destacadas pela consultoria operações como a compra de 25% do capital da Compañia Minera Milpo, do Peru, pela Votorantim Metais, por 100 milhões de dólares. A Gerdau também mereceu menções por sua série de iniciativas, como as aquisições das companhias americanas Callaway Building, Fargo Iron, e Sheffield Steel.
Dos 55 negócios liderados por brasileiros até abril, 39 foram aquisições de controle acionário e 16, compras de participações minoritárias. No mesmo período do ano passado, os grupos nacionais envolveram-se em 33 compras de controle e 6 participações menores.
No geral, foram registradas 135 operações de fusões e aquisições no país entre janeiro e o mês passado. O número é 15% maior que o de igual período de 2005. É, também, o maior volume de negócios registrados no primeiro quadrimestre desde 2001, quando chegou a 176 contratos. Quarenta e nove por cento dos acordos referiram-se a aquisições de controle; 23%, a participações minoritárias; outros 23%, a parcerias; e 5%, a outras modalidades de negócios.
Fonte:
Exame