Corte de juros pode ter chegado ao fim
30/08/2012
Com ousadia e consistência, o Banco Central completou um ano reduzindo os juros no Brasil para o menor nível da história. Pela decisão da última reunião do Comitê de Política Monetária, a taxa básica da economia, a Selic, está agora em 7,5% ao ano.
Até bem pouco tempo atrás, era quase impensável imaginar que chegaríamos a esse ponto. Com a nova taxa, a presidente da República Dilma Rousseff entrega ao país um compromisso de termos uma taxa de juro real (descontada a inflação) “por volta de 2% ao ano”. Numa conta simples, com juros de 7,5% menos a inflação esperada em um ano, pouco acima de 5,5% , a promessa está cumprida, temos já um juro real de 2%.
O comunicado divulgado logo após o Copom anunciar a nova taxa indica que o ciclo de quedas dos juros pode ter chegado ao fim. Os diretores do BC condicionam uma nova redução a um cenário favorável para o crescimento do PIB e, implicitamente, ao comportamento positivo da inflação, que anda pressionada por causa do choque de preços de alimentos.
No exercício de tentar antecipar o significado do que diria o BC, analistas do mercado financeiro especulavam. “Se eles disserem que o processo de queda será feito com parcimônia, a taxa vai para 7% na próxima reunião. Se disserem com ‘mais’ parcimônia, a nova redução será de apenas 0,25 pontos percentuais.”
A frase tão esperada foi curta e muito clara, talvez uma das mais claras dos últimos meses. O BC vai seguir no processo de ajuste monetário (queda dos juros) com “máxima parcimônia”. O “máxima” é mais do que “mais parcimônia”, é bem forte para linguagem do BC, sempre cauteloso com suas mensagens.
Havendo ou não novas reduções, o país vive um momento inédito. Juros menores são demanda da sociedade há muitos governos, e a taxa atual corrige uma distorção esdrúxula da economia brasileira.
A resposta da economia aos juros mais baixos precisa ser sustentável no tempo, com riscos “controlados” para inflação. A convicção do BC de que o país comporta taxas historicamente menores foi determinante para que fosse possível chegar até aqui.
Fonte:
G1
Thais Herédia