Copom faz novo corte mínimo de 0,25 ponto e baixa juro para 16% ao ano
09/01/2009
JOÃO SANDRINI
da Folha Online, em Brasília
O Copom (Comitê de Política Monetária, do Banco Central) decidiu hoje fazer uma tímida redução de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros da economia brasileira (Selic). Os juros caíram de 16,25% para 16% ao ano, a menor taxa desde abril de 2001.
A decisão já era amplamente esperada pelo mercado. Em março, o BC também havia cortado a taxa em 0,25 ponto percentual e justificou a timidez da redução com a necessidade de permanecer atento ao comportamento da inflação.
No entanto, o leve corte nos juros não deve poupar o BC de novas críticas de empresários, sindicalistas e até mesmo políticos do PT e da base de apoio ao governo.
O descontentamento de diversos segmentos da sociedade com o BC deve-se ao enfraquecimento da atividade econômica no primeiro trimestre. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a produção industrial caiu 1,8% em fevereiro na comparação com janeiro e completou três meses seguidos em queda.
Já a taxa de desemprego cresceu de 11,7% para 12% entre janeiro e fevereiro e colaborou para a recente queda nas taxas de aprovação do governo Lula.
O BC entende, entretanto, que, após o crescimento de 1,5% da economia no último trimestre de 2003, seria normal um ritmo de expansão mais lento nos três primeiros meses deste ano. A previsão do banco é de uma alta do PIB (Produto Interno Bruto) próxima a 0,8% ou 0,9% no período.
Além disso, o presidente do BC, Henrique Meirelles, disse, em entrevista ao jornal “O Globo” publicada hoje, que a produção industrial voltou a apresentar retomada em março –o dado ainda não foi divulgado pelo IBGE.
No entanto, empresários também devem criticar o BC devido aos recentes números de inflação, que poderiam inspirar um corte mais ousado nos juros. Segundo a Fipe, a inflação na cidade de São Paulo caiu de 0,12% em março para 0,06% nos 30 dias terminados em 7 de abril, o que representa a menor taxa dos últimos oito meses.
Já o IPCA (índice nacional de inflação que serve de base para as metas) caiu de 0,61% em fevereiro para 0,47% em março.
A alta dos preços acumulada no primeiro trimestre atingiu 1,85%, o que representa um terço da meta de inflação para este ano, que é de 5,5%. Por isso, o espaço para a queda dos juros seria mesmo pequeno.
Agora o Copom só volta a se reunir em 18 e 19 de maio para decidir possíveis alterações na Selic.
Folha online 14/4/2004