Copom e quadro externo derrubam Bolsa; dólar sobe a R$ 2,241

09/01/2009

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) aprofundou as perdas na última hora e meia de negociação, com perspectivas mais pessimistas em relação ao cenário externo e à reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que decide amanhã o novo patamar da taxa Selic, atualmente em 19,5% ao ano. No final do pregão, o Ibovespa registrou queda de 3,88%, 29.067 pontos e giro financeiro de R$ 1,673 bilhão, na pontuação mínima do dia. Durante o dia, a bolsa achegou a 30.450 pontos na máxima do dia.

O dólar teve leve alta, de 0,13%, e encerrou o dia cotado a R$ 2,241.

A bolsa paulista inverteu o rumo positivo da abertura assim que os EUA divulgaram o aumento da inflação no atacado em setembro. As preocupações de que a inflação elevada deve cristalizar um aumento de juro mais prolongado no país voltaram aos pregões globais e, conseqüentemente, afetou o índice brasileiro. O Índice de Preços ao Produtor (PPI, na sigla em inglês) apurou alta de 1,9% no mês passado, com aumento de 0,3% no núcleo do índice, que exclui variações de alimentos e energia. Para essa versão do indicador os analistas esperavam alta entre 0,1% e 0,2% no período.

Segundo Kelly Trentin, analista de investimentos da corretora SLW, esse indicador foi determinante para as perdas no mercado acionário. Com a percepção de juros maiores nos Estados Unidos, a tendência dos investidores é de se desfazer de posições de risco em mercados emergentes e partir para ativos mais seguros, entre eles o treasury de 10 anos.

Operadores de mercado comentam, ainda, que nas horas finais de negociação, quando a bolsa aprofundou ainda mais a queda, surgiram comentários de que o Copom poderia decidir interromper o processo de redução da taxa Selic, tendo em vista a piora do cenário internacional. Analistas tratam essa possibilidade como pouco provável e acreditam que se trata de uma busca de justificativa para vendas mais agressivas.

Luís Fernando Lopes, economista-chefe do Pátria Banco de Negócios, avalia que essa possibilidade poderia até ser considerada pelo colegiado, mas apenas em dois ou três meses, quando os indicadores locais eventualmente apontassem uma piora significativa. “Isso é improvável agora e o Copom deve cortar a taxa em 0,25 ponto percentual”, afirma.

Ao final dos negócios, as ações que se destacaram na ponta de venda foram as ordinárias (ON) da Light, que recuaram 7,47%, seguida das ações preferenciais (PN) da Sadia, que perderam 7,11% (5,22) e dos papéis PN da Acesita, que perderam 6,16% (R$ 29,40).

Contax ON foi o único papel a resistir em alta no final pregão, com ganho de 1,91% (R$ 2,47)

Dólar

O dólar encerrou a R$ 2,241, com o ingresso de recursos amenizando a pressão vinda do cenário externo, depois do dado de preços no atacado norte-americano.

Mesmo com o avanço de 1,9% no índice de Preços ao Produtor dos Estados Unidos em setembro e a compra de dólares pelo Banco Central, a moeda norte-americana terminou o dia em alta de apenas 0,13%. Pela manhã, algumas remessas de recursos ajudaram o dólar a subir com mais força.

No front externo, o dólar ganhou terreno sobre o euro e o iene diante da expectativa de aumento dos juros nos Estados Unidos para conter a subida da inflação.

“O mercado aqui está calmo, está aguardando o Copom”, comentou Flávio Ogoshi, operador de derivativos do Rabobank.

Segundo operadores, o Banco Central aceitou oito propostas no décimo leilão de compra de dólares de outubro, com a taxa de corte a R$ 2,24.

Nesta quarta-feira, o Comitê de Política Monetária do BC anuncia sua decisão sobre a taxa básica de juros e o mercado está dividido sobre o tamanho do corte.

Para o analista de mercado da corretora Souza Barros, Hideaki Iha, o avanço da moeda norte-americana no campo externo e a piora das bolsas de valores não foram suficientes para alavancar o dólar frente ao real por causa dos ingressos de recursos.

O analista destacou ainda que os juros brasileiros elevados contribuem para a continuidade de ingressos de investidores externos, assim como a atuação de exportadores.

“(O dólar) pode até subir um pouco em cima de um índice, de um stress, mas não aguenta por muito tempo”, afirmou Iha, acrescentando que os exportadores não acreditam em uma arrancada mais forte do dólar e entram vendendo a moeda logo que há uma subida maior.

Fonte:
Uol Economia
Com informações de
Valor Online e Reuters
18/10/2005