Congresso abre processo contra deputados acusados de corrupção
09/01/2009
Brasília, 17 out (EFE).- O Congresso Nacional abriu nesta segunda-feira processo de cassação contra onze deputados acusados de receber suborno do PT, entre eles José Dirceu, ex-chefe da Casa Civil do Governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
A abertura formal do processo no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados ocorreu pouco após a renúncia de outros dois deputados que figuravam na lista.
Paulo Rocha, do PT, e José Borba, do PMDB, abriram mão de seus mandatos para não perderem seus direitos políticos, risco enfrentado pelos onze parlamentares restantes.
Com suas renúncias, Rocha e Borba asseguram a possibilidade de se candidatarem nas eleições de 2006, o que não poderão fazer os outros, caso sejam condenados.
Rocha e Borba são acusados de receber elevadas somas de dinheiro do empresário Marcos Valério, que, segundo as denúncias, financiava o “caixa dois” do PT com recursos obtidos em empresas estatais mediante tráfico de influências.
Rocha teria embolsado R$ 470 mil e Borba, que em 1998 esteve a ponto de perder o mandato, admitiu ter recebido pagamentos mensais para apoiar projetos oficiais.
As denúncias de que o PT teria comprado cerca de 100 deputados foram feitas em maio pelo ex-deputado Roberto Jefferson, antigo aliado do presidente Lula.
Tais revelações provocaram a mais grave crise política no país desde a renúncia do presidente Fernando Collor de Melo, em dezembro de 1992.
Diversas comissões foram instaladas no Congresso para investigar as denúncias.
Por ter admitido que se beneficiou de quantias milionárias não declaradas advindas PT, Jefferson teve seu mandato cassado em setembro, sob a acusação de “quebra de decoro parlamentar”.
Com suas declarações, Jefferson, a quem o presidente Lula chegou a dizer que assinaria um cheque em branco por sua lealdade, provocou a queda de toda a cúpula do PT e de José Dirceu, encarregado da articulação política do Governo.
Dirceu é um dos onze deputados cujo destino será definido na Comissão de Ética, possivelmente em abril de 2006, segundo parlamentares.
Esta notícia atinge diretamente o Governo cerca de um ano antes das eleições. Além de Dirceu, outros cinco deputados do partido estão ameaçados de cassação.
A crise política reduziu consideravelmente os índices de aprovação do Governo Lula, que pretende tentar a reeleição. Pela primeira vez desde 2003, outros candidatos começam a aparecer nas pesquisas com sérias possibilidades de vitória em um possível segundo turno.
Fonte:
Efe
17/10/2005