Compromisso de multinacionais evidencia interesse externo no Brasil

06/11/2009

O compromisso de multinacionais com novos investimentos de longo prazo no Brasil evidencia o interesse dos estrangeiros, diante da recuperação mais acelerada da economia nacional e da superação da crise. Enquanto a Europa ainda patina após um período longo de recessão, empresas do continente se dispõem a continuar aportando recursos no País.

BG Group, Banco Santander e GDF Suez pretendem seguir expandindo seus negócios no Brasil. O presidente do conselho de administração do BG Group, Robert Wilson, afirmou que deve investir mais US$ 20 bilhões no País na próxima década, depois de já ter colocado US$ 5 bilhões desde que chegou ao território nacional. A companhia é dona da Comgás e um das principais parceiras da Petrobras na exploração do pré-sal. "Estamos no Brasil para ficar."

O presidente do conselho de administração do Banco Santander, Emilio Botín, acredita que o País hoje "está na moda". "Para o Santander, o Brasil não é uma moda passageira", disse, ao prever que o País se converterá em uma potência mundial e que São Paulo em breve se tornará um importante centro financeiro, ao lado de Nova York e Londres. Depois de integrar as operações do Banco Real e realizar uma emissão bilionária de ações, o banco espanhol tem o objetivo de abrir 60 agências em solo nacional.

A GDF Suez também possui planos de ampliar investimentos no País e o próximo alvo é participar do leilão da Usina de Belo Monte. "Nós amamos o Brasil", afirmou, refletindo o sentimento de otimismo que tomou conta do seminário "Investing in Brazil Summit", realizado hoje em Londres, organizado pelo Financial Times e Valor.

O primeiro escalão do governo brasileiro compareceu em peso para "vender" o País a empresários e investidores internacionais, com uma plateia de mais de 200 pessoas. Não faltaram estimativas favoráveis à economia nacional, tanto de membros do governo, como de executivos.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva acredita que o PIB deve crescer 5% em 2010. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, acredita que esse nível de avanço pode ser mantido nos anos seguintes. E a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, afirmou que o Brasil deve se tornar a quinta maior economia do mundo em 2016.

Lula brincou com o presidente do Santander ao dizer que o banco agora estava colhendo o que ajudou a construir. Ele referiu-se ao apoio obtido de Botín em 2002, em meio aos temores trazidos pela campanha eleitoral. "Agora espero que o companheiro Botín leve jogadores do Real Madri para o Corinthians."

Lula também afirmou que recebe críticas pelo fato de os bancos estarem ganhando muito dinheiro durante o governo do Partido dos Trabalhadores. "Mas que quero que os bancos ganhem muito dinheiro mesmo", afirmou, referindo-se aos problemas que podem ser criados a partir da quebra de instituições financeiras, como o Lehman Brothers nos Estados Unidos.

Na saída do evento, alguns membros do Greenpeace aguardavam o presidente, vestidos com uniformes de futebol e com uma faixa com os dizeres: "Lula, vá a Copenhague".

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Último Segundo