Comércio exterior poderá ser efetivado em real
09/01/2009
Além da moeda brasileira, operações de exportação e de importação poderão ser realizadas na moeda local do parceiro comercial
Denise Chrispim Marin
BRASÍLIA – A Câmara de Comércio Exterior (Camex) dará autorização, na quinta-feira, 26, para que as operações de exportação e de importação possam ser realizadas em reais e na moeda local do parceiro. A medida deverá entrar em vigor apenas no segundo semestre deste ano e começará com a Argentina, país com o qual o governo brasileiro vem negociando há cerca de um ano. O novo modelo significará uma economia de 3% no custo das exportações, principalmente de pequenas empresas, segundo o secretário-executivo da Camex, Mário Mugnaini.
Ele disse ainda que a iniciativa será o primeiro passo para a adoção de uma moeda comum no Mercosul. Mas resultará, inevitavelmente, na valorização do real em relação ao dólar – uma das queixas mais repetidas pelo setor exportador do País. “Ao longo do tempo, essa medida vai diminuir a procura por dólares”, admitiu Mugnaini, ao final da reunião da Camex. “Mas, se tudo transcorrer bem, essa medida não deixa de ser o prenúncio da moeda única do Mercosul, como é o euro no caso da União Européia.”
Segundo Mugnaini, a resolução da Camex que permite as operações de comércio exterior em reais será publicada na edição de quinta-feira do Diário Oficial da União. Até o início do segundo semestre, o governo terá de desmontar o arcabouço legal – decretos, portarias e resoluções – que determina que as operações devem ser feitas em moeda forte, o dólar americano. Nesse prazo, a Camex também deverá definir como serão ajustadas ao novo modelo as exportações à Argentina que são financiadas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e pelo Programa de Financiamento às Exportações (Proex).
Para as operações à vista, as empresas importadoras brasileiras poderão abrir conta corrente na Argentina, em pesos, para efetuar os pagamentos. As argentinas poderão fazer o mesmo no Brasil. Outra opção seria a intermediação dessas operações por uma instituição bancária. O modelo será equivalente ao mecanismo do Convênio de Crédito Recíproco (CCR). Os bancos centrais do Brasil e da Argentina farão o ajuste de contas de cada operação, com base nas cotações das duas moedas em relação ao dólar.
Segundo Mugnaini, o novo modelo trará vantagens às pequenas empresas, cujo interesse no comércio exterior diminui quando levam em conta o custo das operações cambiais.
Fonte:
Estadão.com.br