Com mercado saturado, calçados italianos buscam classe alta brasileira

05/03/2009

Fabricantes italianos querem reduzir tarifa de importação brasileira.
Milão promove nesta semana maior feira de calçados do mundo.

Laura Naime Do G1, em Milão – A jornalista viajou a convite do Instituto Italiano para o Comércio Exterior

A tarifa de importação assusta, mas não mantém afastado o setor calçadista italiano que pretende conquistar o mercado brasileiro.

Segundo o presidente da Associação Nacional de Calçadistas da Itália (Anci), Vito Artioli, a oferta de calçados italianos no Brasil só tende a aumentar.

"Ninguém se satisfaz com a oferta de produtos italianos hoje em São Paulo", afirmou Artioli na Micam, a maior feira de calçados do mundo, que acontece nesta semana em Milão (Itália).

A barreira tarifária é a que mais incomoda os exportadores italianos. Enquanto a tarifa de importação brasileira é de 35%, o calçado brasileiro que entra na União Européia é taxado em 8% – questão abordada por Artioli em encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no mês passado na feira Couromoda, em São Paulo.

Foi um sapato, aliás, fabricado pela indústria do presidente da Anci que Lula, de brincadeira, ameaçou jogar nos jornalistas na ocasião.

"Esse é um problema que não é de fácil solução e não vamos resolver em breve. O presidente Lula mostrou grande abertura para nós, mas esses são problemas que ele não pode resolver pessoalmente. Tem que ver com o Mercosul, com a União Européia, tem as normas do comércio internacional, e todo mundo tem que concordar", diz o presidente da Anci.

Para Artioli, no entanto, as atuais condições econômicas brasileiras, consideradas boas em um mundo em plena crise, são suficientes para colocar o país em um patamar interessante para o produto europeu.

"O Brasil é um país em desenvolvimento, mas a verdade é que, entre esses, é o que sofre menos. Basta ver os índices da economia", diz ele. Só no ano passado, o Brasil importou 60 mil pares de sapato da Itália, a um preço médio de 90 euros.

Na Micam, a maior feira de calçados do mundo, que acontece esta semana em Milão, na Itália, o Brasil é "convidado de honra" – é o único país que tem presentes no evento duas feiras próprias: a Couromoda e a Francal, as duas maiores do Brasil.

"O produto italiano e o brasileiro se integram, porque há muito tempo não produzimos calçados de preço baixo. E estamos certos de que os de custo mais baixo, brasileiros, são produtos de alta qualidade, que são uma garantia para o consumidor europeu".

Crise
Na Micam, é difícil perceber que o mundo vive uma crise econômica. Os corredores onde expõem grifes de preço altíssimo seguem movimentados.

A expectativa para a feira permanece elevada, segundo Artioli. Nesta edição, no entanto, o evento conta com 50 expositores a menos.

"São expositores menores", diz o presidente. "Com a crise, os pequenos estão trabalhando para os grandes", explica.

"O momento que estamos atravessando é muito indeterminado, e não tenho uma bola de cristal. Mas temos muitos meios hoje de enfrentar o problema. O medo da crise é 50% dela", afirma.

Fonte:
G1