Com juros, produção industrial cai 2% e trimestre é o pior do ano

09/01/2009

A produção industrial brasileira em setembro caiu 2% em relação a agosto, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira.

O desempenho ficou pior que o esperado, fazendo o setor encerrar o terceiro trimestre com o menor crescimento do ano (1,5%, ante 6,1% no segundo trimestre e 3,9% no primeiro).

É o segundo indicador, em dois dias, que mostra desaceleração da atividade. Na terça-feira, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou que as vendas da atividade caíram 0,47% frente a agosto (confira). Para analistas, o fraco resultado deveu-se à política de juros altos do governo federal e à queda no consumo.

Segundo os dados do IBGE divulgados hoje, em relação a setembro do ano passado, a produção industrial ficou quase estável com uma modesta alta de de 0,2%.

O indicador acumulado dos nove primeiros meses de 2005 aponta crescimento de 3,8% e, nos 12 meses encerrados em setembro, expansão de 4,4%.

“Os resultados de setembro reforçam os sinais de desaceleração no ritmo da atividade fabril”, disse o IBGE em comunicado.

Economistas projetavam em média uma retração de 1,1% na comparação mensal e uma alta de 2,1% sobre 2004.

Em relação a agosto, a produção de bens de consumo duráveis (como TVs e geladeiras) caiu pelo terceiro mês consecutivo, em 8,9%. A atividade de bens intermediários (usados para produção de outros bens) declinou 0,4% e a de bens de consumo semiduráveis e não-duráveis (alimentos, por exemplo) caiu 3,4%. Apenas a produção de bens de capital (máquinas para a indústria) cresceu, com 1,1% de alta.

Entre as atividades, as maiores retrações sobre agosto ficaram com fumo (-37,7%), máquinas e equipamentos (-6,0%), refino de petróleo e produção de álcool (-3,8%) e veículos automotores (-2,4%).

Os principais crescimentos foram registrados por produtos químicos (1,9%), Metalurgia básica (1,4%) e celulose e papel (1,8%).

Juros atrapalham

“O resultado mostra que não foi revogada a lei da natureza. A produção industrial só poderia cair, embora mais que o esperado, em função do juro excessivamente alto praticado por longo tempo. Em algum momento, o juro real de 13 por cento tinha que bater na atividade econômica”, disse Antonio Madeira, economista da MCM Consultores Associados.

Para Sandra Utsumi, economista-chefe do Bes Investimentos, “auando os juros baixarem mais, houver maior liquidez para crédito, você pode trabalhar com a expectativa de recuperação do consumo no último trimestre.”

Segundo ela, há espaço para o Banco Central reduzir os juros em ritmo maior que o de 0,50 ponto percentual visto em outubro, mas como os dados sobre o comportamento da indústria são de setembro, a autoridade monetária deve esperar números mais recentes antes de tomar essa decisão.

“Vamos ter mais indicadores preliminares sobre renda e emprego de outubro, que vão dar indícios sobre se o ritmo fraco de atividade econômica cotinuou ou se terminou em setembro”, disse a economista.

Revisões

O IBGE informou ainda que revisou para baixo o dado sobre o comportamento da indústria em agosto, passando de uma alta de 1,1% para 0,9% ante julho. O dado de julho também foi revisto, de uma queda de 1,9% para retração de 2,1% ante junho.

Fonte:
Uol Economia
Com informações de Reuters
e Valor Online
10/11/2005