Cepal mostra aumento das exportações da América Latina e Caribe

09/01/2009

Santiago do Chile, 6 ago (EFE).- O Comércio da América Latina e do Caribe com o resto do mundo cresceu pelo segundo ano consecutivo, com uma crescente presença da China, embora a integração regional continue apresentando deficiências, segundo um relatório da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal) divulgado hoje.

“A região apresenta um cenário relativamente propício, mas com desequilíbrios que colocam fortes desafios para chegar a um processo de desenvolvimento sustentável”, disse em Santiago o secretário-executivo da Cepal, José Luis Machinea.

“Há um otimismo cauteloso, e muito trabalho a fazer”, disse o argentino ao apresentar o documento “Panorama da inserção internacional da América Latina e Caribe 2004: Tendências 2005” O documento constata que as exportações dos países da América Latina e Caribe cresceram 17% durante o primeiro semestre de 2005. A América do Sul foi a região que apresentou maior crescimento no período.

“O biênio 2004-2005 foi favorável para a região por apresentar um cenário internacional propício às exportações, melhores termos de trocas (comerciais), baixas taxas de juros, baixa inflação e bons resultados fiscais”, afirmou o estudo.

Segundo o relatório, se o aumento dos preços das matérias-primas continuar, o fluxo comercial da região voltará a crescer, como ocorreu em 2004, quando as exportações aumentaram 22,5%, para US$ 463,639 bilhões.

Neste contexto, a Cepal prevê que “2005 será um bom ano para o comércio dos países da região”, mas recomenda melhorias na produtividade, inovação tecnológica e maior confiabilidade jurídica, medidas que aumentarão a competitividade local.

A entidade advertiu, no entanto, que ainda existem grandes riscos, como o déficit nos EUA, os problemas de crescimento no Japão e na União Européia, a alta do preço do petróleo, a ameaça terrorista e o protecionismo dos países desenvolvidos.

Estas potenciais ameaças tornam ainda mais preocupantes as negociações da Rodada de Doha, considerada “pouco animadora”.

“Não vemos avanços significativos. Mais do que recomendações, precisamos de soluções para eliminar as barreiras ao comércio internacional”, disse Machinea.

O funcionário afirmou que o comércio interno da região não voltou aos níveis registrados antes da crise asiática, no final dos anos 90.

Ainda segundo o documento, a integração regional enfrenta “um momento de definições” e, em um cenário de negociações múltiplas, os mecanismos do processo mantêm suas “tradicionais fragilidades”.

Entre as deficiências, o relatório citou “as assimetrias, a fraqueza dos mecanismos de solução de problemas, normas comuns que não são aplicadas e falta de coordenação macroeconômica”.

Apesar de todos estes entraves, o comércio entre os países da região cresceu pelo segundo ano consecutivo. Entre os países da Comunidade Andina, as trocas comerciais aumentaram foi de 58,5%, enquanto os do Mercosul obtiveram crescimento de 36,2% no comércio.

O organismo das Nações Unidas constatou também a crescente presença da China na região, que no primeiro semestre de 2005 se tornou o segundo maior mercado de exportações para o Chile e Peru, e o terceiro maior para o Brasil.

Segundo a análise, as exportações chinesas para a região aumentaram quase 14 vezes entre 1990 e 2004, passando de US$ 1,5 bilhão para US$ 21,668 bilhões.

Entre 2000 e 2004, a taxa anual de crescimento das importações de produtos da América Latina pela China cresceu cerca de 42%.

As cifras mostram também que a América Latina fornece 81,4% do total da farinha de pescado importada pela China, 60,7% da soja, 60,2% das uvas, 49,3% do açúcar, 39,4% do cobre, 35,4% do níquel, 20,6% do ferro e 21,1% da madeira.

“Persistindo a demanda chinesa por recursos naturais, vários países da América do Sul fortalecerão seus termos de trocas por um longo período”, afirmou documento.

Fonte:
Agencia Efe
Uol Economia