Camex analisa corte na tarifa de importação

09/01/2009

A não ser que a rodada de negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC) seja um fracasso total, o Brasil está num caminho sem volta e terá de abrir seu mercado para as importações de bens industrializados.

Caso contrário, não obterá qualquer vantagem no grande acordo. O objetivo do Brasil na chamada Rodada de Doha é ampliar o acesso das exportações agrícolas, hoje prejudicadas por barreiras tarifárias e não-tarifárias de forma geral aplicadas pelas nações mais ricas do mundo.

O tema é polêmico e isso ficou claro nas duas últimas semanas, quando o vazamento da proposta do Ministério da Fazenda – que prevê a redução de 35% para 10,5% da alíquota máxima de importação consolidada na OMC – provocou protestos entre o empresariado brasileiro e revelou que existem divergências dentro do próprio governo. A Fazenda tem a seu lado o Ministério da Agricultura que, em nome dos produtores rurais, quer derrubar as barreiras no setor em que o Brasil é mais competitivo. Já o Ministério do Desenvolvimento e o Itamaraty são mais cautelosos e não concordam com uma redução linear. É preciso uma negociação por setor.

Hoje o quadro deve ficar mais claro, na reunião da Câmara de Comércio Exterior (Camex). Cada ministro que integra a Camex (Fazenda, Planejamento, Relações Exteriores, Agricultura, Desenvolvimento e Casa Civil) fará sua defesa. A idéia é fechar hoje mesmo uma proposta consensual, que será levada aos empresários, depois aos sócios do Mercosul e, em seguida, ao G-20 (grupo de países contrários aos subsídios agrícolas). “Temos condições de jogar esse jogo, mas não abrimos mão de uma redução expressiva, substancial, nas tarifas agrícolas”, afirma o secretário-executivo da Camex, Mário Mugnaini.

Fonte:
Jornal do Comércio
19/9/2005