Câmbio já faz exportador novato perder contratos

09/01/2009

Novatas no jogo da exportação, empresas que começaram a ganhar o mercado externo durante o governo Lula, nos últimos dois anos, já estão perdendo clientes por causa do câmbio. Essas perdas podem aumentar a partir do segundo semestre, quando essas companhias irão renegociar contratos.

A Cativa, uma têxtil de Pomerode (SC), viu minguar os pedidos de clientes dos Estados Unidos, seu principal mercado no exterior. A empresa tem encomendas de 200 mil peças para os próximos dias, quando o normal para este período seria 1 milhão. “Hoje, se alguém quiser encomenda para fevereiro, eu posso atender”, diz o presidente Gilmar Sprung. As peças de roupas produzidas pela Cativa estão 30% mais caras do que as chinesas.

A Ferragens Negrão, de Curitiba, que estreou no mercado externo há dois anos, perdeu um contrato de US$ 140 mil em facões para um concorrente colombiano, que ofereceu preço 20% menor. Segundo a AEB, associação de exportadores, 865 empresas começaram a vender seus produtos no exterior em 2004.

Os economistas acreditam que o câmbio a R$ 2,70 não deve causar grandes estragos nos resultados da balança comercial em 2005, mas tende a adiar decisões de investimento. Emilio Garofalo Filho, ex-diretor do Banco Central, acredita que o câmbio poderá se desvalorizar ao longo do ano, mas reconhece que isso vai depender de uma ação mais firme do BC na compra de dólares, para recompor as reservas internacionais, ou de mudanças na legislação cambial, como a permissão para que exportadores fiquem mais tempo com moeda estrangeira antes de vendê-la.

Valor Economico
Raquel Landim, Sergio Lamucci, Vanessa Jungerfeld e Marli Lima De São Paulo, Florianópolis e Curitiba
21/1/2005