Cai faturamento das pequenas e médias empresas de SP

09/01/2009

No primeiro semestre deste ano, a receita foi em média 2,8% menor do que no mesmo período de 2005, passando de R$ 116,8 bilhões para R$ 113,5 bilhões

SÃO PAULO – As pequenas e médias empresas paulistas sofreram perdas no seu faturamento no primeiro semestre de 2006. De acordo com estudo divulgado nesta quinta-feira pelo Sebrae, a receita foi em média 2,8% menor do que no mesmo período do ano passado, passando de R$ 116,8 bilhões no primeiro semestre de 2005 para R$ 113,5 bilhões nos primeiros seis meses deste ano (valores já corrigidos), uma perda de R$ 3,3 bilhões no faturamento. Somente na comparação de junho de 2006 com junho de 2005, a perda foi de R$ 1,1 bilhão (-6,8%).

Por setores, as micro e pequenas empresas tiveram queda no faturamento entre janeiro e junho deste ano ante o mesmo período do ano passado. Nas prestadoras de serviços, a diminuição foi de 3,8%; no comércio, de -2,8%; e na indústria, de -1,5%.

Em relação a maio, junho foi pior para o comércio, que teve redução de 12,5% na sua receita, a maior queda já verificada em um mês de junho pelo Sebrae. Já serviços e indústria registraram aumentos de 6,1% e 0,6% respectivamente em seus faturamentos. Na comparação com junho de 2005 com junho de 2006, as quedas na receita do comércio, serviços e indústria foram, respectivamente, de -8,2%, -7,9% e -1,8%. Em termos absolutos, o faturamento médio mensal das pequenas e médias indústrias em junho foi de R$ 24,9 mil; o comércio ficou em R$ 13,4 mil; e serviços em R$ 15 mil.

Demora na recuperação
Na avaliação do Sebrae, “a recuperação da economia está demorando a chegar às micro e pequenas empresas”. “Nesse primeiro semestre, o nível de inadimplência aumentou. Com as facilidades de crediário, ocorreu um grande comprometimento da renda familiar com as prestações, em especial de bens eletrônicos, como TVs e celulares. Outro problema é a taxa de câmbio muito baixa, que está ampliando a concorrência dos produtos importados no mercado interno e achatando a rentabilidade de quem exporta”, explicou o diretor-superintendente do Sebrae, José Luiz Ricca.

Na pesquisa divulgada nesta quinta, o Sebrae incluiu um indicador de expectativas do empresariado, que mostrou uma diminuição do otimismo no primeiro semestre do ano. Em janeiro, 30% das empresas acreditavam em uma melhora do seu faturamento e 36% que a economia brasileira iria melhorar. Em junho, estes percentuais caíram para 25% e 22%, respectivamente. Em compensação, aumentou a porcentagem de empresários que acreditam na estabilidade da economia, de 39% em janeiro para 50% em junho.

Expectativa
Na análise do Sebrae, apesar deste resultado, ainda pode-se esperar alguma recuperação até o final do ano, já que, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a renda dos ocupados nas seis maiores regiões metropolitanas brasileiras cresceu 6,7% em junho deste ano ante o mesmo período do ano passado.

“Por um lado, a inflação sob controle, a recuperação dos salários e a sazonalidade positiva do 2º semestre tendem a ajudar a recuperar as vendas das pequenas empresas nos próximos meses. Porém, o elevado grau de endividamento das famílias e a concorrência de produtos importados mais baratos tendem a atuar no sentido de frear esse processo. Assim, o máximo que se pode esperar é uma melhora apenas modesta nos próximos meses”, avaliou o Sebrae.

Folha de pagamento
Com o fraco desempenho das pequenas e médias empresas, os gastos com folha de pagamento caíram 2,5% em junho em relação ao mês anterior. No seis primeiros meses do ano, entretanto, o gasto das empresas subiu 2,9%, ante o primeiro semestre de 2005.

O Sebrae explicou a queda nos gastos com salários em junho a partir dos ajustes nos quadros de pessoal como uma resposta das empresas à diminuição da demanda. Já o aumento verificado na comparação entre junho de 2006 e junho de 2005 se deve, para o Sebrae, à melhora do rendimento médio dos ocupados.

Fonte:
Estadão
Carolina Ruhman