Cai atividade industrial no mundo, diz pesquisa
09/01/2009
Setor manufatureiro dos países ricos registra as maiores quedas.
A atividade manufatureira global caiu em agosto, tendo havido uma desaceleração sincronizada em todas as principais economias mundiais, segundo indica uma pesquisa divulgada na quarta-feira (1/9). Após quedas inesperadas nos indicadores do Japão na última terça-feira, os índices de compra nos Estados Unidos, na zona do euro e no Reino Unidos caíram mais do que era esperado pelo mercado. Todos os índices, no entanto, continuam positivos, sendo que aquele do Instituto de Gerenciamento de Oferta dos Estados Unidos (US ISM na sigla em inglês) foi de saudáveis 59 pontos.
Embora tenha havido queda, já que este índice foi de 62 pontos em julho, qualquer número acima de 50 indica expansão contínua do setor manufatureiro. Economistas dizem que os preços recordes do petróleo em agosto contribuíram para a desaceleração, embora muitos deles acreditem que o fenômeno também reflita o amadurecimento do ciclo econômico global.
Com a redução da atividade manufatureira em todo o mundo, ainda não há sinais de que a zona do euro ou o Japão ocuparão o lugar dos Estados Unidos como locomotiva do crescimento global. Enquanto isso, os custos estão aumentando mais rapidamente que os rendimentos, reduzindo as margens operacionais naquelas economias incapazes de gerar um aumento compensatório da produtividade.
O índice US ISM caiu abaixo dos 60 pontos pela primeira vez desde outubro de 2003. O aumento das exportações sofreu desaceleração pelo quinto mês consecutivo. A taxa de crescimento da produção industrial norte-americana também sofreu uma desaceleração súbita, mas permanece em níveis elevados.
O número de novas encomendas também continuou alto. Os economistas dizem que os dados foram ligeiramente negativos para as folhas de pagamentos de trabalhadores urbanos dos Estados Unidos, que será creditada na sexta-feira, mas que, ainda assim, indicaram crescimento do emprego, embora menos robusto que antes.
James Knightley, economista da ING Financial Markets, disse: “O índice ISM está em patamares muito saudáveis, consistentes com um forte crescimento do setor manufatureiro e do Produto Interno Bruto”.
O índice UK Cips/Reuters, que mede o crescimento do setor de manufatura e serviços, caiu de 56 para 53,1 pontos –a primeira queda absoluta em ordens de exportação em um ano. Andrew Potter, economista da NTC Research, que compilou a pesquisa, disse que esse patamar é consistente com a tendência de crescimento.
No entanto, não se sabe ainda se o setor manufatureiro britânico está passando por uma estagnação temporária, se está caindo para uma “velocidade de cruzeiro” ou se sofre uma contração mais séria.
O índice de crescimento do setor de manufatura e serviços Reuters Eurozone caiu de 54,7 para 53,9 pontos, o nível mais baixo em cinco meses. Ele sofreu redução na Alemanha, na França e na Itália. O crescimento da produção diminuiu de forma especialmente drástica na Alemanha, embora o número de novas encomendas permaneça em níveis elevados.
Alguns analistas sugerem que o crescimento manufatureiro na zona do euro pode já ter atingido o seu pico. Robert Prior, economista do HSBC, disse que os números “não dão motivo para se apostar em uma recuperação na zona do euro”. Isso significará um acúmulo de pressão sobre o Banco Central Europeu para que este mantenha as taxas de juros intocadas pelo 15º mês seguido, ainda que muitos acreditem que a instituição ajuste para cima a sua expectativa de inflação.
Paul Mortimer-Lee, economista do BNP Paribas, diz: “Estamos presenciando uma desaceleração global cíclica”. A diferença entre este ciclo e os anteriores é que o crescimento global estava se desacelerando antes que as economias do G-7 alcançassem o pleno emprego –devido à concorrência asiática. “Se os preços do petróleo continuarem caindo, o setor manufatureiro poderá retomar o crescimento no final do ano. Ainda é muito cedo para se dizer que essa desaceleração seja um fenômeno mais sério”.
Financial Times
3/9/2004