Cada vez mais distante, integração é sonho de América Latina e Caribe

15/12/2008

Bogotá, 15 dez (EFE).- Integração e desenvolvimento serão os eixos da 1ª Cúpula da América Latina e do Caribe, que será realizada amanhã e quarta-feira na Costa do Sauípe, na Bahia.

O encontro é resultado de uma iniciativa que busca coordenar os múltiplos mecanismos políticos e econômicos da região para que haja uma única voz, principalmente em tempos de crise.

Segundo o Brasil, organizador da cúpula, a intenção é aumentar o conhecimento mútuo entre as iniciativas existentes e tentar estabelecer uma forma de coordená-las para que tenham alcance em toda a região.

Para isso também foram convidados à reunião os secretários executivos do Mercosul, da Associação Latino-Americana de Integração (Aladi), da Comunidade Andina de Nações (CAN), da Comunidade do Caribe (Caricom), do Sistema de Integração Centro-Americana (Sica) e da União de Nações Sul-Americanas (Unasul).

"Os presidentes poderão discutir sobre os diversos programas de integração, como interagem uns com os outros e como podemos maximizar nosso lucro", disse recentemente o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.

A Argentina reafirmará no encontro sua vocação de impulsionar a integração regional e tratará de estabelecer compromissos efetivos para conseguir esse objetivo, informou a Chancelaria do país.

Na mesma linha se situa o Chile, cuja presidente, Michelle Bachelet, comentou, ao fazer referência à cúpula, que a América Latina precisa realizar "um esforço especial combinado" se quiser ser ouvida no processo de reforma econômica que teve início no mundo por causa da crise atual.

O Uruguai também aposta no reforço dos mecanismos de cooperação regionais. Tanto que seu presidente, Tabaré Vázquez, deve comparecer à cúpula, apesar de não ser freqüente vê-lo nesse tipo de encontro.

Mesmo com "integração" e "cooperação" sendo palavras recorrentes nos discursos dos governantes da região, ambas tornam-se difícil na prática, devido às acentuadas diferenças não só entre os blocos regionais, como também no interior dos mesmos.

A CAN, criada em 1969 e formada por Peru, Colômbia, Equador e Bolívia, está em situação difícil por divergências entre seus Estados-membros, sobretudo desde que Lima e Bogotá decidiram dar início a negociações para um acordo comercial com a União Européia (UE) sem esperar por Equador e Bolívia.

Outro conflito no interior de blocos envolve Uruguai e Argentina, que, junto com Brasil e Paraguai, compõem também a Unasul.

O Uruguai já anunciou que vetará a candidatura do ex-presidente da Argentina Néstor Kirchner (2003-2007) à Secretaria-Geral da Unasul devido ao conflito entre os dois países pela instalação de uma fábrica de celulose na margem oriental do fronteiriço rio Uruguai.

Enquanto isso, a Venezuela defende sua própria idéia de integração, orientada a unir os países do sul do continente e a reforçar a independência das instituições que classifica como "do norte", dominadas, segundo sua opinião, pela Casa Branca.

O governante venezuelano, Hugo Chávez, que impulsionou blocos regionais como a Alternativa Bolivariana para as Américas (Alba) ou a Petrocaribe, reiterou que é preciso levar em conta a opinião dos países do sul e suas contribuições para enfrentar a crise, da qual culpa os EUA.

A Bolívia também aposta na minimização da influência da Casa Branca na América Latina.

O presidente boliviano, Evo Morales, anunciou que na 1ª Cúpula da América Latina e do Caribe lançará uma proposta para que Cuba retorne à Organização dos Estados Americanos (OEA). Também poderá defender a fundação de um organismo similar, mas sem os EUA.

A cúpula na Costa do Sauípe será palco da primeira viagem ao exterior de Raúl Castro desde que este assumiu de forma provisória a Presidência de Cuba, em julho de 2006 – acabou substituindo seu irmão Fidel de forma plena em 24 de fevereiro último.

Uma total integração latino-americana também é o objetivo de países da América Central, como a Guatemala, que promoverá na reunião trabalho conjunto para "fazer frente aos novos desafios, principalmente em matéria econômica e de desenvolvimento", segundo a Chancelaria.

 

Fonte:
EFE