Brasileiro trabalha mais que americano e argentino para pagar impostos

27/05/2009

O brasileiro trabalha até hoje, dia 27, só para pagar todos os impostos que deve. São 147 dias de seu salário gastos neste ano para dar conta dos tributos federais, estaduais e municipais, segundo os cálculos do IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário).

Entre sete países pesquisados pelo IBPT, o Brasil é terceiro onde os trabalhadores comprometem mais sua renda com impostos e taxas, ficando à frente de espanhóis (137 dias), americanos (102) e argentinos (97).

Nessa lista, que é limitada e não inclui outros países onde há altos níveis de impostos, como Dinamarca e Noruega, o Brasil só perde para Suécia, com 185 dias e França, com 149.

Neste ano, até que o número de dias trabalhados para pagar impostos caiu (uma pequena variação de 148 em 2008 para 147). Foi a primeira queda desde 1996. O IBPT faz essa medição há 23 anos.

A ligeira redução não chega a aliviar a situação do contribuinte. O instituto estima que o brasileiro trabalhe 84 dias para bancar tributos relacionadas ao seu consumo (quando compra gasolina, por exemplo), 54 para pagar impostos que incidem sobre a renda e 11 para cobrir os gastos relacionados ao patrimônio, como IPVA (sobre carros) e IPTU (imóveis).

"É um sistema que continua perverso no Brasil, prejudicando quem tem menos. Houve mudança, mas ela é muito sensível e mostra que há espaço para redução na carga tributária para chegarmos a um nível mais civilizado, pelo menos na faixa dos 30% do PIB", disse em entrevista ao UOL o diretor-técnico do IBPT, João Eloi Olenike.

Impostos e PIB
Segundo dados mais recentes do IBPT, que são do ano passado, a carga tributária do Brasil equivale a 36,5% do PIB (Produto Interno Bruto, a soma de todas as riquezas produzidas no país).

Isso é o dobro do peso dos impostos no México, por exemplo, com 18,5%. Nessa lista, que também é limitada e inclui 11 países, o Brasil ocupa a quinta colocação. A Suécia novamente lidera, com uma carga tributária equivalente a 50,7% de seu PIB. O México está em último, com os já citados 18,5% (confira gráfico a seguir).

O estudo do instituto aponta que quem ganha entre R$ 3.000 e R$ 10 mil usa 42,62% da sua renda no pagamento de tributos. Quem tem rendimento acima de R$ 10 mil paga um pouco menos, 41,63%, de acordo com a estimativa do IBPT.

O Brasil cobra 61 tributos ao todo e poderia reduzi-los para sete ou oito, de acordo com o diretor-técnico do IBPT, para aliviar o fardo sobre os salários.

"Tudo isso mostra que é necessário reduzir a carga tributária e, ao mesmo tempo, simplificar o sistema de cobranças, como acontece em outros países latino-americanos, como o Chile, para que essa redução seja sustentável e sólida", afirma.

 

Fonte:
Uol Economia
Maurício Savarese