Brasil veta exportação de arroz para garantir oferta interna
09/01/2009
Por Camila Moreira e Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) – O governo brasileiro suspendeu temporariamente as exportações de arroz para garantir a oferta local do produto e manter os preços sob controle, informou o Ministério da Agricultura nesta quarta-feira.
O país tradicionalmente atua nos dois lados do mercado, importando e exportando, conforme a disponibilidade local. Com os preços internacionais favoráveis e uma produção ligeiramente maior na atual safra o Brasil tinha expectativa de ampliar as exportações em 2008.
“O Brasil é auto-suficiente em arroz e tem um pequeno estoque de excedente, mas para a segurança do abastecimento nos próximos seis a oito meses, quando tiver o período da entressafra, as exportações foram suspensas”, explicou o ministro Reinhold Stephanes em comunicado.
De acordo com o ministério, o Brasil havia recebido a solicitação de países africanos e sul-americanos para a venda de cerca de 500 mil toneladas de arroz. Em 2007 o Brasil exportou 313 mil toneladas do grão.
Os futuros do arroz negociados nos Estados Unidos atingiram um novo recorde na quarta-feira, diante dos temores sobre a escassez do produto, que resultaram em restrições às exportações por alguns países produtores. [nN23450417]
Os preços do arroz no mercado disponível nos EUA subiram cerca de 80 por cento até este momento em 2008.
A Índia, segundo maior exportador mundial de arroz do mundo em 2007, e o Vietnã, terceiro maior, impuseram restrições às exportações do cereal com o objetivo de conter os preços internos. A Tailândia lidera as exportações globais de arroz.
“A questão do arroz é um fenômeno novo. Vamos acompanhar o movimento dos maiores produtores mundiais. Com o preço favorável é possível que haja um aumento na produção e que a situação do abastecimento seja sanada até o ano que vem. Com base nisso é que vamos tomar outras providências no Brasil”, disse Stephanes.
O Brasil deverá produzir na safra 2007/08 11,9 milhões de toneladas de arroz (em casca), contra 11,3 milhões na temporada anterior, segundo dados do governo. O consumo para o atual ano-safra está estimado em 13,1 milhões de toneladas.
Nesta quarta-feira, Stephanes afirmou que o estoque governamental é de 1,6 milhão de toneladas e que será definida na quinta-feira a quantidade de arroz dos estoques que irá a leilão. A medida tem o objetivo de evitar uma disparada nos preços.
Fonte:
Reuters Brasil