Brasil vendeu carne sem controle para a Europa

09/01/2009

Ministro da Agricultura admitiu exportação de produto de gado não-rastreado

BRASÍLIA – O ministro Reinhold Stephanes (Agricultura) admitiu ontem, pela primeira vez, que frigoríficos brasileiros exportaram carne de gado não-rastreado para a UE (União Européia), violando acordo com o bloco. Ele explicou que isso aconteceu nas primeiras semanas de 2008. “No decorrer deste ano, esse fato foi verificado”, disse, após participar de reunião na Comissão de Agricultura do Senado. “Tenho certeza que frigoríficos exportaram para a União Européia animal rastreado e não-rastreado”, disse durante a audiência.

A declaração de Stephanes foi feita no momento mais delicado das negociações com a UE para suspensão do embargo à carne bovina brasileira. O bloco é o maior comprador da carne brasileira. A cada dia de permanência da proibição, o prejuízo é de R$5 milhões, estima o governo. O embargo à carne brasileira, em vigor desde 1º de fevereiro, foi adotado após o Brasil enviar uma lista com 2.681 fazendas habilitadas a vender bois rastreados do nascimento ao abate e que poderiam ser fiscalizadas pelas autoridades públicas. A UE esperava uma lista menor, com cerca de 300, estimada com base na capacidade de fiscalização do Ministério da Agricultura.

Hoje, o secretário Inácio Kroetz (Secretaria de Defesa Agropecuária) formaliza em Bruxelas a entrega à UE de uma lista com nomes de 700 propriedades em condições de atender às normas de rastreabilidade exigidas pelos europeus. A definição de uma lista de propriedades aptas a exportar foi criticada pelos pecuaristas brasileiros. Com a escolha das propriedades, a Europa pode suspender o embargo, mas só para as fazendas da lista. No ano passado, as exportações brasileiras de carne somaram US$4,4 bilhões, dos quais US$1,3 bilhão feitos para o mercado europeu.

Fonte:
Correio da Bahia