Brasil tenta reabrir debate sobre etanol com evento em São Paulo

17/11/2008

Conferência deve reunir ministros e representantes de 80 países.
Evento será aberto às 14h desta segunda-feira (17).

 Ligia Guimarães Do G1, em São Paulo

Com objetivo de dar novo fôlego e trazer de volta à agenda internacional a discussão sobre o espaço dos combustíveis “limpos” na matriz energética, começa nesta segunda-feira (17), em São Paulo, a Conferência Internacional sobre Biocombustíveis, em São Paulo.

 O evento foi convocado no ano passado, época em que a crise que estava no centro mundial dos debates era a alimentar, e os biocombustíveis – principalmente o etanol – eram apontados como os “vilões” responsáveis pelos aumentos nos preços dos alimentos e das commodities, que batiam recordes sucessivos.

 O cenário agora é outro: os preços das commodities estão em queda, o petróleo vale menos de US$ 50 e a questão energética anda suprimida pelo temor de uma recessão global profunda, a verdadeira "carrasca" dos tempos atuais. Além disso, o setor sucroalcoleiro, antes repleto de perspectivas de expansão, vive agora um momento de revisão de investimentos diante dos impactos da crise financeira (veja ao lado, no vídeo do "Globo Rural")

 “Estamos, como todos os outros setores, em 'stand by', para ver até onde vai o problema (da crise) e reavaliar os investimentos”, disse o embaixador André Amado, subsecretário de Energia do Itamaraty.

Nesse contexto, as acusações que recaem sobre os combustíveis renováveis parecem mais “leves” do que antes.

 “A reunião foi convocada no ano passado, quando as pessoas estavam acusando o etanol de ser o responsável por vários males. Pouco a pouco, já começaram a se dar conta de que isso não era verdade”, afirma o embaixador. Segundo Amado, representantes de 80 países – a maioria ministros – confirmaram presença.

Apesar disso, ele diz que o setor está “esperançoso” sobre o evento organizado pelo Ministério das Relações Exteriores, que começa na segunda-feira (17) e vai até a sexta-feira ( 21).

 “O que a conferência se propõe a fazer é repassar esses temas e tentar fazer com que o etanol seja tratado como tema energético”, afirmou.

Para ele, um dos objetivos é mostrar como a produção e a adoção de biocombustíveis pode contribuir para o desenvolvimento de países pobres e emergentes. Em tempos de escassez de dinheiro para investimentos entre os desenvolvidos, focar a expansão nos emergentes pode ser uma alternativa, segundo o embaixador.

 “As grandes cifras estão nos países emergentes. (…) Os países desenvolvidos tinham como grande alavanca sua capacidade de desenvolvimento e financiamento. Se isso está questionado, de onde virá (o investimento)?”, questiona.

Nos três primeiros dias, estão previstos painéis sobre segurança alimentar, inovação tecnológica, segurança energética, mudança de clima e sustentabilidade. Os ex-ministros Roberto Rodrigues (Agricultura) e Marina Silva (Meio Ambiente) participarão como moderadores. Devem participar dos debates representantes da Única e da Petrobras. Segundo Amado, representantes de 80 países – a maioria ministros – confirmaram presença.

 Contraponto

Paralelamente à Conferência, entidades trabalhistas e movimentos sociais organizaram um evento que será realizado no mesmo período, na região central de São Paulo, para fazer contraponto às discussões do governo.

 Segundo os organizadores do Seminário Internacional 'Agrocombustíveis como obstáculo à construção da soberania alimentar e energética', o objetivo é destacar e debater os problemas causados pela produção de etanol.

 Exposição

Um dos eventos que acontecem paralelamente à Conferência é a Exposição Internacional sobre Biocombustíveis, organizada pela Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) e instalada em um estacionamento ao lado do hotel em que acontecerá a conferência.

 O evento tem por objetivo apresentar a tecnologia brasileira utilizada nos diversos níveis da cadeia de produção de etanol aos representantes e autoridades estrangeiras presentes à conferência.

 “Vamos mostrar na prática o que será discutido na conferência”, explica Ricardo Santana, coordenador de promoção de investimentos da Apex, que prevê 75 expositores e 2,5 mil visitantes.

 O evento, segundo Ricardo, deve reunir desde tecnologia genética até carros e aviões movidos a etanol.

 

Fonte:
G1