Brasil reafirma liderança no mercado mundial de couros
09/01/2009
As exportações brasileiras começam a sentir o peso da sobrevalorização do real em relação ao dólar, conforme se depreende do balanço divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no primeiro trimestre do ano. No período, as vendas externas registraram crescimento de 9,3%, enquanto as importações avançaram 15,9%, em relação ao mesmo período do ano passado.
Segundo o IBGE, na comparação com o trimestre anterior, as importações cresceram 11,6% e as exportações apenas 3,9%. E, de acordo com projeções feitas por analistas e instituições, como a Associação do Comércio Exterior do Brasil (AEB), essa tendência deve se acentuar até o final do ano.
Neste ambiente, a situação das empresas exportadoras, como a indústria calçadista, é realmente preocupante: os embarques de calçados deste segmento recuaram 12% em relação ao ano anterior, levando ao fechamento de fábricas e à demissão de mais de 20.000 trabalhadores.
Não é possível reverter este quadro, naturalmente, apenas com críticas à política cambial que – registre-se – dá auspiciosos sinais de correção de rota. É preciso, paralelamente, que as empresas reinventem sua forma de operação, busquem novos caminhos e canais de atuação.
Um bom exemplo desta iniciativa está sendo registrado precisamente hoje, com o convênio que acaba de ser firmado entre o Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), entidade que representa as empresas nacionais que operam no processamento de couros, e a Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), órgão do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
O objetivo desse programa conjunto é ampliar a participação no mercado internacional do couro, em especial os de maior valor agregado. A estratégia consiste em reforçar a ação das empresas brasileiras em feiras e mostras internacionais de couros, calçados, artefatos e acessórios, que oferecem grande visibilidade ao produto nacional.
Com o programa, denominado Programa Brasileiro para Expansão da Exportação de Couro, espera-se que as exportações brasileiras saltem dos atuais US$ 1,5 bilhão para US$ 2,4 bilhões até 2008, reforçando a posição de destaque do Brasil no mercado internacional de couro, em que já figura como um dos maiores produtores.
Esta investida será realizada por um intenso trabalho de prospecção e abordagem dos mercados internacionais, iniciada a partir da fixação da marca Brazilian Leather nos mercados de interesse. Assim, além de participar das principais feiras internacionais, o programa conjunto do CICB e Apex vai se dedicar à pesquisa do potencial de compra de países importadores de couro; desenvolver ações de comunicação e marketing em nichos de mercados; e promover a vinda de grandes importadores para conhecer nosso parque industrial coureiro-calçadista.
Em anos anteriores, mais de 60 empresas da cadeia produtiva participaram das feiras programadas pelo CICB e a Apex-Brasil, proporcionando receita adicional de negócios da ordem de US$ 33,3 milhões.
Com iniciativas dessa natureza, o couro brasileiro – processado por 800 indústrias curtidoras espalhadas em todo o território nacional – é cada vez mais conhecido e apreciado no exterior, presente em cerca de 85 países, entre eles, Itália, China, Estados Unidos, Hong Kong, Coréia do Sul, Países Baixos, Taiwan, Malásia, Indonésia, dentre outros.
Uma maior projeção internacional da cadeia produtiva do couro é uma conquista da maior importância para a economia brasileira, por conferir maior musculatura a uma atividade que movimenta receita anual superior a US$ 21 bilhões, congrega cerca de 10 mil indústrias, emprega mais de 500 mil pessoas, e exportou US$ 4,2 bilhões no ano passado, entre couros e manufaturados em seus mais diferentes estágios.
(*) Umberto Cilião Sacchelli é presidente do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), entidade de âmbito nacional, que reúne associados de empresas privadas e sindicatos da indústria de couro, filiada ao International Council of Tanners (ICT, sigla em inglês para Conselho Internacional dos Curtumes, que congrega representações em 25 países).
Fonte:
Apex Brasil