Brasil perde posições no ranking de TI

09/01/2009

O Brasil perdeu sete posições no ranking mundial de tecnologia da informação e comunicação (TIC), publicado anualmente pelo Fórum Econômico Mundial. Na quarta e mais recente edição do Relatório Global de Tecnologia da Informação, cujos resultados foram divulgados ontem, em Genebra, o país aparece em 46º lugar entre 104 nações. O primeiro lugar ficou com Cingapura.

O resultado deixa o Brasil ainda mais distante dos líderes no uso eficiente da TIC. Em 2004, quando ficou em 39º lugar, o país desceu dez posições em relação a 2003, perdendo a liderança na América Latina para o Chile.

O rebaixamento brasileiro, no entanto, não é um caso isolado na América Latina. A região toda perdeu terreno. O México, que no ano passado ocupava o 44º lugar, ficou na 60ª posição. A Argentina teve um desempenho ainda pior: desceu do 50º lugar para o 76º. Ambos aparecem depois de países africanos como Botsuana (50ª posição) e Namíbia (55ª), que melhoraram suas posições em relação ao ano passado.

Com o resultado, Brasil e Chile são os únicos países da América Latina a permanecer na lista dos 50 primeiros lugares, além da Jamaica, que estréia neste grupo com a 49ª posição.

Em comparação com outros países emergentes, que têm disputado a atração de investimentos internacionais com o Brasil, o desempenho brasileiro também foi mais fraco. A Índia saiu do 45º lugar para o 39º, exatamente a posição que o Brasil detinha em 2004. Já a China, que não aparecia na lista dos 50 primeiros em 2004, ganhou dez posições e ingressou no clube, passando a ocupar o 41º lugar.

No relatório, os especialistas do Fórum Econômico Mundial observam que, excetuando o Chile, toda a América Latina tem um ambiente regulatório fraco para o desenvolvimento da indústria de tecnologia da informação. Outras deficiências apontadas são um sistema administrativo considerado “burocrático e pesado” e a baixa prioridade dada pelos governos ao setor.

“Existe um grande risco de a América Latina ficar para trás à medida que governos e comunidades de negócios de outras nações formam parcerias para utilizar o potencial da TIC para promover o processo de desenvolvimento”, observa o boliviano Augusto Lopez-Claros, diretor do programa de competitividade global do Fórum Econômico Mundial e co-editor do relatório.

“As iniciativas públicas para universalização da tecnologia ainda são tímidas”, comenta Mauro Perez, diretor de pesquisas da consultoria IDC, em relação ao estudo. “Além disso, a combinação da pesada carga tributária com o baixo nível de renda da população estimula a pirataria, que hoje é a maior do mundo no setor de computadores”, afirma. Cerca de 74% das máquinas vendidas no país usam peças e software de origem duvidosa, segundo o IDC.

Entre os entraves, diz Perez, estão a política fiscal, cujos benefícios à produção são limitados, e a burocracia em vários níveis, incluindo de portos à concessão de vistos. “Alguns países bem-sucedidos criaram ‘ilhas’ com condições especiais de alfândega etc.” Um exemplo disso é o campeão Cingapura, afirma o analista. O país substituiu os EUA, que ficaram na 5ª posição do ranking. Os países nórdicos ocuparam do 2º ao 4º lugares. Na lanterna, ficou o Chade.

Valor Online
João Rosa
10/3/2005