Brasil pede muito e pode perder tudo na OMC, diz Europa

09/01/2009

GENEBRA, 23 nov (AFP) – O comissário europeu do Comércio, Peter Mandelson, acusou o Brasil e os Estados Unidos de atrasarem as negociações na Organização Mundial do Comércio (OMC) com suas “exigências desproporcionais”, sobretudo no que se refere à agricultura, em artigo publicado nesta quarta-feira pelo jornal suíço “Le Temps”.

“A pergunta que nossos parceiros devem se fazer, concluiu, é a seguinte: o que eles vão ganhar se, com suas exigências desproporcionais, eles empurrarem as negociações até o ponto de ruptura? A resposta é: nada”.

O comissário europeu reforçou suas críticas do artigo em discurso nesta quarta-feira, advertindo os parceiros da UE, como o Brasil, para o risco de “perderem tudo” se continuarem fazendo exigências “irreais”. “Deixem de se esconder atrás das críticas contra a UE e fazer pedidos irreais”, lançou Mandelson hoje na Comissão de Comércio Internacional do Parlamento Europeu.

A três semanas da conferência ministerial de Hong Kong, que tentará desbloquear a Rodada de Doha de liberalização comercial, lançada em 2001, Mandelson rebate as críticas contra a União Européia (UE) sobre o dossiê crucial dos subsídios agrícolas.

“Alguns encontraram um argumento cômodo: criticar as políticas agrícolas européias”, remarcou. “A Europa tem responsabilidades no ciclo e se esforça para assumi-las, inclusive no setor agrícola. Alguns de nossos sócios mais importantes nesta negociação não fizeram tanto por isso”, reconheceu.

“As táticas de negociação de certos parceiros nos fizeram perder tempo”, acrescentou.

Segundo Mandelson, após a conclusão de um acordo em julho de 2004, “os Estados Unidos levaram mais de um ano para responder a uma oferta européia de eliminar os subsídios à exportação. Além disso, a oferta americana era séria, mas incompleta”.

Ele criticou também os “exportadores agrícolas mais importantes, a começar pelo Brasil, por terem dado importância demais à agricultura em detrimento de outros setores”.

“Eles inflaram as expectativas com relação ao acesso ao mercado agrícola a níveis inatingíveis”, afirmou.

“O acordo implícito da Rodada de Doha”, explicou Mandelson, “é que os países desenvolvidos permitirão um acesso mais amplo a seu mercado agrícola em troca da abertura para seus bens industriais e seus prestadores de serviços em outras economias, e inclusive as principais economias em desenvolvimento”.

“Mas por enquanto”, acrescentou, “o negociador europeu, nossos principais interlocutores não colocaram sobre a mesa nenhuma oferta sobre os bens industriais que possam compensar as exigências em matéria de agricultura, e o nível das propostas para os serviços é ainda pior”.

Fonte:
Uol Economia
AFP