Brasil já gastou mais de R$ 150 bi por conta da crise

18/11/2008

Jornal do Brasil

 

BRASÍLIA – Para combater a crise financeira internacional no Brasil o governo já retirou de seus cofres cerca de

R$ 150 bilhões – quantia que inclui os gastos com leilões de dólares e as linhas de empréstimos para o setor automobilístico, comércio exterior e construção civil.

Nesta segunda, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, divulgou mais uma cifra que compõe esta soma: até 14 de novembro, o BC injetou US$ 46,5 bilhões (cerca de R$ 106 bilhões) no mercado de câmbio. Desses, a parcela de US$ 30 bilhões foram em operações de swap cambial; outros US$ 4,1 bilhões em empréstimos para operações de comércio exterior; US$ 6,1 bilhões em operações no mercado à vista e mais US$ 5,8 bilhões em venda de moeda americana com compromisso de recompra.

Taxa de câmbio

A taxa de câmbio passou de

R$ 2,16 para R$ 2,27 desde o fim de outubro até a última sexta-feira. Profissionais de mercado comentam que a atuação do BC, embora não consiga deter totalmente a escalada do câmbio, tem contribuído para segurar uma disparada ainda maior dos preços da moeda.

– A função do BC não é tentar controlar a taxa de câmbio, é prover liquidez em um momento de distorção de preços – disse Meirelles sobre as operações. – O mercado de ACC está apresentando uma recuperação gradual.

G-20 ganha importância

Meirelles, que proferiu uma palestra ontem na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na capital paulista, destacou também a importância do G-20 (grupo que reúne os países mais desenvolvidos do mundo e os principais emergentes, como o Brasil) deve se tornar o mais importante fórum mundial para o debate de questões econômicas.

Segundo o presidente do BC, o grupo "tende a ocupar o lugar do G-7 (grupo dos sete países mais industrializados do mundo) no longo prazo porque os países emergentes estão tendo um peso maior na economia mundial".

Os países do G-20 ser reuniram neste final de semana num encontro de cúpula em Washington. Embora analistas manifestem reservas quanto aos efeitos práticos dessa reunião, outros apontaram que o evento teve caráter histórico: encontros para discutir os rumos da economia global, normalmente, ficaram restritos aos países participantes do G-7 ou do G-8 (que inclui a Rússia).

Desafios futuros

Meirelles também afirmou que, no futuro, depois que o período crítico da crise tiver passado, os maiores desafios do Brasil são: investimento em infra-estrutura, melhoria do ambiente de negócios e a realização da reforma tributária.

– Não podemos permitir que a crise atrase muito a discussão sobre essa reforma.

 

Para o presidente do BC, o Brasil será afetado pela crise internacional, mas o crescimento do país em 2009 deve ficar acima da média mundial, prevista em cerca de 2%.

– O Brasil vai ter uma desaceleração no crescimento no ano que vem no crédito e, em consequência, na atividade geral, mas em ritmo menor que muitos países.

Segundo ele, o governo continua tomando as medidas necessárias para conter os efeitos da crise no país.

 

Fonte:
JB Online