Brasil Ferrovias recorre ao leasing
09/01/2009
Operação avaliada em R$ 400 milhões é negociada com bancos e grandes clientes
A Nova Brasil Ferrovias, holding que controla o corredor de bitola larga formado por Ferroban e Ferronorte, espera fechar a curto prazo uma operação de leasing, envolvendo bancos e clientes da ferrovia, para comprar 1,15 mil vagões e 90 locomotivas usadas em um negócio estimado em cerca de R$ 400 milhões. O primeiro contrato de leasing para a compra de vagões deverá ser assinado em outubro, prevê Elias Nigri, presidente da companhia.
O executivo avaliou que o modelo em elaboração ampliará o ingresso de recursos na Brasil Ferrovias, sem aumentar o endividamento da empresa, que concluiu em maio profunda reestruturação societária com aporte de capital de R$ 1 bilhão pelo BNDES e pelos sócios da holding – Previ, Funcef, Laif e JP Morgan. A partir da conclusão deste processo, que se estendeu por quase dois anos, abriu-se a possibilidade de ampliar os volumes transportados pelas duas via e pela Novoeste, também ligada ao grupo controlador da Brasil Ferrovias, com investimentos estimados em R$ 2,4 bilhões até 2009.
Nigri disse que o leasing é uma maneira de assegurar a expansão do transporte de cargas a curto prazo. A expectativa, segundo ele, é que a Brasil Ferrovias movimente 20 milhões de toneladas em 2006, volume 33% maior do que os 15 milhões de toneladas estimados para este ano. “O leasing é um modelo de sucesso no setor ferroviário no mundo. Nos EUA, apenas um terço da frota é de propriedade das concessionárias”, comparou.
Também conhecido por arrendamento mercantil, o leasing é um contrato pelo qual uma empresa cede a outra, por um período fixo, o direito de usar e obter rendimentos com bens de sua propriedade.
No caso da Brasil Ferrovias, o modelo em fase final de consolidação prevê que os investidores interessados no negócio (grandes bancos e até mesmo fundos de investimento) constituam uma Sociedades de Propósito Específico (SPE) que se encarregaria de comprar os vagões e locomotivas, alugando-os para os clientes da ferrovia, como companhias de esmagamento de soja e de produção de álcool.
O aluguel do equipamento será respaldado por contrato de longo prazo, com duração de cinco a dez anos, entre os clientes e a ferrovia. Nigri disse que a Brasil Ferrovias já fez operações de leasing de vagões diretamente com clientes em contratos que incluem cláusulas de “take or pay” com a ferrovia. Por essa cláusula, a concessionária tem a obrigação de transportar o produto da empresa que investiu no vagão. Esta, por sua vez, fica obrigada a dispor da carga para a ferrovia.
Neste modelo, a holding fez acordos com Bunge, ADM e Copersucar, entre outras, citou Nigri. A novidade, agora, é o interesse dos bancos no negócio. Para Nigri, a tendência de redução da taxa de juros no país e o reerguimento do setor ferroviário de cargas no país, tornam interessante o investimento em empresas como a Brasil Ferrovias. “Percebemos que as instituições financeiras querem participar do financiamento e da expansão das ferrovias. Quando o investidor olha para a ferrovia como investimento atrativo, este é um sinal da consolidação do setor no cenário nacional”, salientou. Ele previu que a empresa passe a operar com lucro a partir de 2007.
Segundo apurou o Valor, os três grandes bancos do país – Bradesco, Itaú e Unibanco – estão envolvidos na negociação.
Ele acrescentou que todos os vagões a serem incorporados à frota via leasing serão fabricados no país e se destinarão ao corredor de bitola larga (Ferronorte e Ferroban). O aumento da demanda por carga na Novoeste será atendido com a reforma de vagões em poder da Brasil Ferrovias. Com a reestruturação, a Novoeste foi cindida da Brasil Ferrovias passando a fazer parte de outra holding, a Novoeste Brasil, responsável pela operação do corredor em bitola estreita da antiga Novoeste e de trecho da Ferroban, indo até o porto de Santos.
Fonte:
Valor Economico
28/9/2005