Brasil encerra ciclo com o FMI

09/01/2009

O governo brasileiro não renovará o acordo com o Fundo Monetário Internacional, que termina dia 31. A comunicação, feita ontem pelo ministro da Fazenda, Antonio Palocci, à direção do FMI, encerra um ciclo de 22 anos de relacionamento intermitente e tumultuado. Desde 1982, quando o Brasil quebrou, após a moratória do México no “setembro negro”, até agora, o país mudou sua face. Ao longo desses anos foram assinados sete acordos com o Fundo, intercalados por períodos de distanciamento político, moratórias, superinflação, desordem fiscal e baixo crescimento. Nos últimos seis anos, porém, os acordos foram cumpridos rigorosamente.

Na reunião de ontem com o presidente Lula, Palocci e o presidente do BC, Henrique Meirelles deixaram claro que o único receio para tomar a decisão de não renovar o acordo, que significa não ter hoje US$ 15 bilhões disponíveis para algum infortúnio, é que os sinais que vêm do mercado internacional são ruins. Palocci, porém, disse ser hora de “andarmos por nossa conta” e afirmou que o ganho de credibilidade do país poderá ser maior do que eventuais prejuízos decorrentes de algum abalo externo.

Os compromissos do governo com a disciplina fiscal, agora, serão expressos por metas quadrimestrais de superávit para o setor público (inclusive Estados e municípios), anunciou o ministro. “Não há motivo para se prever chuvas e trovoadas. A não ser que tenhamos dificuldade de lidar com o sucesso”, afirmou.

O acordo que termina foi negociado pelo governo Lula em fins de 2003, numa renovação do pacto feito pelo governo anterior, em 1998. Naquele ano, FHC obteve o maior pacote de socorro financeiro que a instituição já havia aprovado para um país membro: US$ 41,5 bilhões. Depois das crises da Ásia e da Rússia, era preciso evitar a falência do Brasil.

Valor Online
Mônica Izaguirre, Arnaldo Galvão e Claudia Safatle
29/3/2005