Brasil deve dobrar exportações até 2020

09/01/2009

São Paulo, 30 de Novembro de 2004 – A indústria brasileira de base florestal poderá dobrar as exportações até 2020 e responder por cerca de 6% do comércio mundial na área, com receita de US$ 12 bilhões, informou o vice-presidente de desenvolvimento e tecnologia da Associação Brasileira da Indústria da Madeira Processada Mecanicamente (Abimci), Ivan Tomaselli, baseado em estudo feito para a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Neste ano, as vendas externas devem somar US$ 6,5 bilhões, 18% acima dos US$ 5,5 bilhões de 2003. Do total exportado em 2004, US$ 3,6 bilhões são produtos de madeira e US$ 2,9 bilhões papel e celulose, segundo Tomaselli.

O engenheiro florestal e professor da Universidade Federal do Paraná disse que a projeção até 2020 já considera um ritmo menor nas taxas de crescimento anual das exportações devido à falta de florestas. Enquanto nos dez últimos anos a média de aumento foi de 10% ao ano, a expectativa para os próximos 15 anos é taxa anual em torno de 4%. Ainda assim, bem acima da variação mundial estimada entre 1% e 1,5%, segundo informou o vice-presidente da Abimci.

De acordo com o executivo, nos anos anteriores a exportação de madeira sólida teve aumento maior – média de 15% ao ano – enquanto as vendas externas de papel e celulose ficaram com alta média de 7,2% anuais. “As expansões foram favorecidas pelos incentivos fiscais concedidos pelo governo para a plantação de florestas que tiveram maturação no início da década de 1990 e pela maior demanda do mercado externo”, considerou o executivo. |Atualmente, 70% da floresta utilizada é plantada e 30% é nativa, mas, segundo o engenheiro, a tendência é que em 2020 cerca de 80% da madeira usada pela indústria venha de florestas plantadas e 20% das nativas.

Crescimento mundial

O mercado mundial tem crescido. Segundo Tomaselli, em 1991 movimentava-se US$ 90 bilhões em produtos de base florestal. No ano passado já foram US$ 160 bilhões e, nesse caso, os números não englobam móveis, devido à vasta gama de materiais usados em mobília como plásticos e alumínio. “Se fossem contabilizados, seriam mais de US$ 200 bilhões”, afirmou o vice-presidente da Abimci. Em 1991 o Brasil tinha cerca de 1,5% de participação nas vendas externas e triplicou esse percentual. “Já somos os maiores em soja, carne e podemos ser também nessa área”, afirmou.

O negócio ganha expressão no comércio mundial como um todo, disse o engenheiro. “Atualmente a área representa 3% do comércio mundial de cerca de US$ 6 trilhões. O petróleo, maior commodity mundial responde por 6%”, informou Tomaselli acrescentando que são movimentados hoje cerca de 3 bilhões de metros cúbicos de madeira por ano.

O estudo divulgado pela entidade foi elaborado pela STCP Engenharia de Projetos, empresa de Tomaselli, com 24 anos de mercado, para a FAO que, segundo o engenheiro, está pesquisando o potencial e o desenvolvimento do setor de base florestal em várias regiões como Ásia, África e América Latina e Caribe.

Tomaselli informou que atualmente os dois maiores exportadores de produtos de base florestal são a América do Norte e a Europa, que juntas respondem por aproximadamente 60% do comércio mundial. O Brasil, destacou o engenheiro, tem importante potencial de crescimento, principalmente pelo domínio e excelência na tecnologia florestal.

A STCP Engenharia está elaborando também para o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) um estudo que visa estabelecer um ranking anual sobre o potencial de atração de investimentos diretos nos segmentos de papel e celulose e de madeira entre os países da América Latina. Os dados iniciais mostram que o Brasil lidera em investimentos já programados com cerca de US$ 20 bilhões previstos para até 2010 (US$ 14 bilhões para as fábricas de papel e celulose e US$ 6 bilhões para madeira). O Chile fica em segundo lugar, com US$ 4 bilhões.

Gazeta Mercantil
30/11/2004