Brasil cresceu menos que a média mundial por dez anos

09/01/2009

O Brasil cresceu menos que a média mundial nos últimos dez anos. Segundo pesquisa divulgada nesta quarta-feira pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), o país registrou expansão média de 2,2% por ano, contra 3,8% no restante do mundo.

De acordo com a CNI, o fraco desempenho da economia brasileira é resultado da falta de investimentos. “O Brasil investe pouco comparativamente à média mundial, sobretudo, em relação aos países emergentes da Ásia”, diz a nota da entidade.

De 1995 a 2004, o volume de investimentos no Brasil representou 19,3% do PIB (Produto Interno Bruto), enquanto esse percentual foi de 32,6% nas economias emergentes da Ásia, e de 22,1% na média mundial.

Para a CNI, além aumentar os investimentos, o país depende ainda de avanços nas reformas estruturais e da solução de problemas como o excesso de burocracia, o rigor da legislação trabalhista, os altos custos e a falta de acesso ao crédito.

A entidade alerta também que o baixo crescimento da economia empobreceu a população. Na última década, o PIB per capita do Brasil aumentou 0,7% ao ano, contra média mundial de 2,6%. “Se o Brasil mantiver o atual ritmo de crescimento levará um século para conseguir dobrar a renda per capita e chegar próximo à atual renda per capita da Coréia do Sul ou de Portugal”, completa a CNI.

Em 2004, a renda per capita dos brasileiros era de US$ 8.020, equivalente a cerca de um quinto da dos norte-americanos. Com o baixo ritmo de expansão da economia, o PIB per capita do Brasil teve um dos piores desempenhos do mundo e cresceu menos até que a de outros países da América Latina na última década. Na Argentina, que enfrentou uma violenta crise financeira e política entre 2001 e 2002, o PIB per capita aumentou 2,2%. No México, a renda cresceu 2,1% e, no Chile, 2,8%.

No mesmo período, China e Índia lideraram a expansão do PIB per capita. O rendimento médio dos chineses aumentou 7,7% ao ano entre 1996 e 2005. Caso a China mantenha esse ritmo de crescimento, a renda média da população, que era de US$ 5.530 em 2004, dobrará em nove anos e vai superar a dos brasileiros.

“Mantidas as condições de crescimento da última década, o futuro do Brasil será ruim”, prevê o economista da CNI Paulo Mol.

FMI — missão do FMI (Fundo Monetário Internacional), que está no Brasil desde segunda-feira para uma visita de rotina, avaliou que a economia brasileira apresenta dados encorajadores. O grupo, que é liderado pelo diretor-adjunto do Departamento do Hemisfério Ocidental do FMI, Charles Collyns, disse também que a economia deve ter um crescimento forte em 2006.

Collyns acredita que a crise política e as denúncias contra o ministro Antonio Palocci (Fazenda) não afetam a economia, no entanto, é preciso manter a disciplina fiscal.

O acordo entre o Brasil e o FMI terminou em março de 2005. No ano passado, o governo decidiu fazer o pagamento antecipado da dívida com o Fundo, que era de cerca de US$ 15,5 bilhões em dezembro.

Nesta quinta-feira, Collyns deverá se encontrar com o ministro da Fazenda, Antonio Palocci.

Fonte:
Diario Online