Brasil cai pela 2ª vez no ranking mundial de tecnologia

09/01/2009

O Brasil caiu seis posições no ranking anual de TI (Tecnologia da Informação), divulgado hoje pelo Fórum Econômico Mundial. Com a 52ª colocação, o país viu a distância aumentar ainda mais para o Chile, 29º e latino-americano mais bem posicionado no levantamento.

Os EUA voltaram a ocupar o topo da lista (pela terceira vez nas cinco edições realizadas até agora), no lugar de Cingapura. Na seqüência, seguem Dinamarca, Islândia e Finlândia. Os países nórdicos continuam como referência (a Suécia aparece em oitavo e a Noruega, em 13º) pela atuação dos governos em adotar novas tecnologias e incentivar o setor econômico e a sociedade.

Além da penetração da TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação) nos diversos setores da sociedade, os norte-americanos se destacam pelo investimento em educação, pela cooperação entre entidades de pesquisa e pela competitividade das empresas, segundo o relatório.

Na Ásia, surpreendem os dois países candidatos a futuras potências mundiais. A Índia caiu uma posição e está em 40º lugar, enquanto a China perdeu nove postos e está 50º (Hong Kong, 11º, conta separado), ficando apenas dois à frente do Brasil. Mas alguns países da região, berço da mais alta tecnologia, despontam com Taiwan (7º), Coréia do Sul (14º) e Japão (16º).

QUEDA – O Brasil passou a fazer parte do ranking de 2003 e perdeu posições nas duas edições seguintes. O grande responsável pela queda foi o “ambiente para o desenvolvimento” – os outros dois componentes do ranking, com pesos iguais, são “capacidade de desenvolvimento” e “uso da tecnologia”. De acordo com o fórum, o governo não oferece ferramentas para o crescimento econômico.

Baseada na avaliação de empresários, técnicos e acadêmicos, a entidade destaca quatro pontos cruciais: a burocracia para dar início a uma empresa, a dificuldade para alterar a legislação, o tempo para abrir um negócio e o peso dos impostos (itens em que ocupa a 112ª, 113ª, 114ª e 115ª posições, respectivamente, entre os 115 países pesquisados). O ambiente para os negócios no Brasil caiu de 46º para 112º do mundo.

Outro fator que pesou negativamente foi a qualidade do ensino, em especial o de matemática e ciência e nas escolas públicas, em 100º lugar. O item em que o país melhorou foi a adoção da tecnologia pela população, em que subiu de 43º para 38º no ranking. Aí, são avaliados, por exemplo, o número de celulares, telefones, computadores pessoais, TVs e usuários de banda larga.

Nesse item, porém, o desempenho do país poderia ter sido melhor, pois os dados avaliados são de 2002 ou 2003, a partir de quando houve uma grande massificação da tecnologia no usuário final (o brasileiro passou a ser o povo que mais tempo navega na Internet; o acesso à Web e o número de celulares batem recorde a cada mês; entraram em vigor os incentivos fiscais para aquisição de computador popular, entre outros fatos).

Junto com o Brasil, os latino-americanos rebaixados no levantamento foram Jamaica, Uruguai, Costa Rica, República Dominicana, Guatemala, Honduras, Equador, Bolívia, Guiana, Nicarágua e Paraguai.

Além do Chile, os destaques positivos na região foram México e Argentina, que avançaram cinco postos e estão em 55º e 71º lugares. Subiram também El Salvador, Colômbia, Panamá, Venezuela e Peru.

Ao ganhar seis posições, o desempenho chileno recebeu elogios de Augusto López Claro, diretor de Rede de Competitividade do Fórum Econômico Mundial, o qual comparou-o ao de países da Comunidade Européia. “O governo converteu as tecnologias de informação e comunição em ferramentas para melhorar o serviço público e aumentar a transparência financeira. Esse avanço está ligado diretamente à qualidade de ensino”, afirmou.

Fonte:
Jornal do Comércio
UOL