Brasil aumenta em 20% fusões e aquisições em 2004

09/01/2009

RIO DE JANEIRO (Reuters) – O cenário macroeconômico mais favorável estimulou a realização de fusões e aquisições no Brasil, que fecha este ano com 277 transações, 20 por cento a mais do que em 2003, segundo dados da KPMG Corporate Finance. Apesar de ser o melhor dos últimos três anos, o resultado ainda perde para a época das privatizações do governo Fernando Henrique Cardoso, quando o número ficava em torno de 350 ao ano.

Para 2005, com uma nova Lei de Falências aprovada e a expectativa de implementação de projetos no âmbito da Parceria Público Privada (PPP), a expectativa do sócio da KPMG Márcio Lutterbach, se mantido o crescimento econômico, é de que o volume de acordos entre empresas suba mais. “Em 2005 a novidade vão ser os negócios na área de infra-estrutura, principalmente rodovias. Imagino que alguns projetos-pilotos do PPP serão aprovados”, disse em entrevista à Reuters.

O setor de energia ainda não inspira muita confiança, segundo Lutterbach, devido ao marco regulatório ainda em avaliação. Na área de água e saneamento, a falta de regulamentação também continua segurando os negócios. Já no setor de petróleo, cujas transações praticamente dobraram este ano, de sete em 2003 para 13, a expectativa permanece otimista.

Os setores ligados ao mercado de varejo e bens de consumo final, especialidade de Lutterbach, “foram bastante dinâmicos em 2004 e vão continuar no ano que vem com grande volume de transações”, aposta. Segundo ele, empresas como as mexicanas Elektra e Copel estão de olho no varejo de eletrodomésticos. “Sem dúvida o Brasil está com perspectivas melhores”, afirmou, prevendo que em 2005 no cenário mais provável serão fechados entre 320 e 330 negócios.

O interesse de empresas estrangeiras por companhias brasileiras ou subsidiárias também se mostrou crescente: em 2004 ocorreram 144 transações de capital estrangeiro, enquanto em 2003 houve 90 movimentações desse tipo. Entre os destaques, o executivo cita a compra da AmBev pela Interbrew; da Embratel pela Telmex; da Seara pela Cargill; e da rede de supermercados Bompreço pelo Wal-Mart.

A indústria de alimentos, bebidas e tabaco apresentou o maior destaque, com 34 transações, seguida por telecomunicações (com 30), tecnologia da informação (com 21) e por publicidade e editoras (17 negócios). “No setor de alimentos, o Brasil já voltou aos patamares de 1997 e 1998, quando o ‘boom’ econômico impulsionou os investimentos estrangeiros”, disse Lutterbach.

O sócio da KPMG explicou que o bom desempenho nos setores de telecomunicações e tecnologia reflete a consolidação do setor no mercado externo e deve continuar em 2005. Outro setor que deve ter forte participação nas estatísticas da KPMG em 2005 é o siderúrgico. “A tendência é que as siderúrgicas brasileiras continuem comprando ativos lá fora para garantir a competitividade, assim como estrangeiras do setor procurem aumentar presença aqui também”, afirmou.

Reuters
17//10/2004