Brasil atrai terceiro maior volume de recursos da história

07/01/2010

Brasília – O fluxo de dólares para o Brasil voltou ao terreno positivo em 2009 e, no primeiro ano após o estouro da crise, o País atraiu o terceiro maior volume de recursos da história. Dados do Banco Central mostram que US$ 28,7 bilhões ingressaram na economia no ano passado.

Dois terços desse volume foram atraídos pelas aplicações em ações, títulos de renda fixa e investimentos produtivos, que receberam US$ 18,8 bilhões, novo recorde histórico. O restante ingressou graças às exportações que, apesar de terem caído na comparação com 2008, ainda superaram as importações em US$ 9,9 bilhões.

O crescimento do chamado fluxo cambial também permitiu que o Banco Central reforçasse ainda mais as reservas internacionais do País. Desde maio, quando retomou os leilões diários de compra de moeda estrangeira, o BC adquiriu no mercado US$ 27,4 bilhões – o equivalente a 95,6% do volume de recursos externos que ingressou na economia em todo o ano. Em média, o BC tem comprado cerca de US$ 150 milhões todos os dias.

O retorno dos dólares ao Brasil começou a ocorrer apenas sete meses após o agravamento da crise que ocorreu em meados de setembro de 2008. Desde abril do ano passado, o fluxo da moeda norte-americana é positivo todo mês. Entre abril e dezembro de 2009, o País recebeu US$ 31,7 bilhões. O valor foi mais que suficiente para cobrir o rombo de US$ 21,1 bilhões gerado pela fuga dos estrangeiros que deixaram o País entre outubro de 2008 e março de 2009, no auge da crise.

“Quando a crise estourou, o estrangeiro cancelou as operações de maior risco, inclusive no Brasil, para deixar o dinheiro em caixa, disponível. Passada a crise, ele passou a olhar o Brasil como a bola da vez porque a economia está reagindo antes do resto do mundo e ainda temos uma bela taxa de juro”, diz o professor de economia da USP Fábio Kanczuk.

Em 2008, o fluxo cambial havia ficado negativo em US$ 983 milhões. Somente no segmento de investimentos financeiros e produtivos, houve saída líquida de US$ 48,8 bilhões. Esse cenário, no entanto, se inverteu completamente e o país passou a ser um novo polo de atração de recursos, o que se comprovou em outubro, quando a subsidiária brasileira do Santander vendeu ações em São Paulo e Nova York e captou cerca de US$ 7,7 bilhões. (AE)

Fonte:
Gazeta do Sul