Bovespa aprofunda queda após pregão ser suspenso; perda passa de 13%
29/09/2008
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) voltou a funcionar após ter interrompido nesta tarde seu funcionamento por meia hora porque estava caindo mais de 10%. Mesmo depois da pausa, as perdas se aprofundavam. O dólar comercial fechou em alta de 6%, a R$ 1,964.
Por volta das 16h20, o Ibovespa, principal indicador do mercado brasileiro de ações, caía 13,17%, a 44.095,87 pontos. No momento em que as negociações foram interrompidas, a queda era de 10,16%.
Na Bovespa, quando o índice cai mais de 10%, é acionado o "circuit breaker", mecanismo que interrompe as negociações de ações por meia hora. Se, após retomada a sessão, a queda avançar para além de 15%, a sessão é novamente interrompida, mas por um período de mais uma hora.
O mercado foi piorando com a decisão da Câmara dos Estados Unidos de rejeitar o pacote de socorro a bancos, de US$ 700 bilhões. Muitos investidores foram pegos de surpresa, pois, no domingo (dia 28), parlamentares haviam anunciado que tinham chegado a um acordo.
Problemas no setor financeiro europeu somam-se às preocupações dos investidores com a crise nos Estados Unidos. "O efeito dominó que todo mundo temia começou a se propagar", disse Vanderlei Arruda, gerente de câmbio da corretora Souza Barros.
Desde o dia 11, a volatilidade tem sido forte por conta do clima de incerteza, incluindo uma queda de mais de 7% e uma alta de quase 10% (veja gráfico ao final deste texto).
Impactos da crise
Nesta manhã, o governo alemão concedeu uma garantia de 35 bilhões de euros (US$ 50 bilhões) a um consórcio de bancos privados para comprar o banco Hypo Real Estate (HRE), especializado em hipotecas.
O gigante bancário espanhol Santander disse no domingo que irá comprar a rede de depósitos varejistas da concessora de empréstimos britânica Bradford & Bingley, por cerca de 400 milhões de libras (US$ 735 milhões).
O B&B é o último banco que foi atingido pela crise financeira global, que foi disseminada pelas perdas com hipotecas de má qualidade nos Estados Unidos e já fez grandes vítimas nos Estados Unidos e na Europa.
Os problemas financeiros enfrentados pelo grupo financeiro belgo-holandês Fortis, que foi resgatado no domingo à noite pelos governos de Bélgica, Holanda e Luxemburgo, gerou preocupações em relação ao suíço UBS.
O UBS está entre os bancos mais afetados pela crise dos créditos hipotecários de risco ("subprime") justamente por ter dinheiro aplicado em instituições que sofreram perdas expressivas. O banco foi obrigado a anunciar desvalorizações de ativos no valor de 42,5 bilhões de euros desde o início da crise.
Mundo
Os mercados asiáticos também fecharam em queda nesta segunda-feira por haver dúvidas quanto ao pacote anticrise. Tóquio perdeu 1,26% e Hong Kong recuou 4,3%.
As Bolsas da Europa fecharam em queda acentuada. A de Londres despencou 5,3%; a de Paris, 5,04%, e a de Frankfurt, 4,23%.
Fonte:
Uol Economia