Bolsa tem recorde de investidores caseiros em 2007
09/01/2009
Bolsa de Valores com rentabilidade da ordem de 40% ao ano, redução sistemática da taxa de juros – fechou o ano em 11,25% – e popularização do uso da internet foram fatores fundamentais para difundir o segmento de home broker no Brasil. O sistema, que permitiu à pessoa física ingressar no mercado acionário por meio da internet com a intermediação de corretoras de valores, cresce sensivelmente desde 1999. As seis corretoras, à época, mantinham volume mensal de R$ 3,2 milhões. Hoje, são 57 administradoras de recursos que movimentam mais de R$ 19 bilhões por mês. Em dezembro, o segmento atingiu a marca histórica de mais de 225 mil investidores.
Para o diretor de operações da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), Ricardo Pinto Nogueira, no passado era inviável concorrer com uma taxa de juros que beirava os 40%, 50% ao mês e fazia aplicações como renda fixa muito mais atrativas.
“O investidor pensava 10 vezes até investir em Bolsa. Hoje, está mais suscetível a correr riscos, por causa da queda da Selic. Além da própria rentabilidade dos fundos de renda fixa, que caíram bastante”, avalia Nogueira.
Outro estímulo, revela o diretor, é a facilidade do uso da ferramenta e a popularização da rede, que beneficiou a interiorização do serviço no Brasil.
“Hoje, já é possível para investidores no interior do país acessarem os sites das suas corretoras e operarem”, afirma.
Similar ao ‘home banking’
Depois de se cadastrar em uma corretora de valores, o investidor acessa o sistema pela internet e começa a operar em Bolsa, comprando e vendendo ações. As taxas são cobradas pelas administradoras de recursos e variam de empresa para empresa. Elas fazem toda a intermediação dos negócios entre as pessoas físicas e a Bovespa.
Parecido com os tradicionais sites de home banking, o sistema permite a qualquer iniciante operar com facilidade, porém especialistas aconselham que, antes de tudo, o investidor deve se informar bastante. Ler muito sobre mercado de ações, analisar gráficos de rentabilidade nos sites das corretoras, solicitar consultoria para depois operar.
Foi o que fez o consultor de negócios Ricardo Alves, 31 anos, quando ingressou há cinco meses no mercado de capitais, ao devorar em uma viagem de avião o livro Desmistificando a Bolsa de Valores.
Diversificar os investimentos
O livro conta a história de um investidor, que começa com R$ 5 mil em 1993, e manteve aportes mensais de R$ 500 por longo período. No final, obteve pequena fortuna de R$ 3,5 milhões.
“Jamais, em qualquer outro investimento, o investidor chegaria a um montante deste nível”, diz o consultor, entusiasmado com as possibilidades.
Cliente da Ágora Corretora, Alves diversificou os investimentos, antes constituídos por renda fixa e fundos de ações, com investimento inicial de R$ 5 mil. Hoje, já chegou a quase R$ 15 mil.
Com planos para longo prazo – costuma optar pelas famosas blue chips (ações de empresas tradicionais e com bom valor de mercado) – ele recomenda cautela aos novos investidores, que não devem colocar toda a reserva de que dispõem e precisam acompanhar de perto este mercado.
“Os iniciantes precisam entender que a Bolsa oscila bastante, e o interessante é negociar ações no período de queda. Mas, para isso, tem que saber o que estão fazendo, e as corretoras são um ótimo canal de informação e consulta”, ensina Alves.
Com o engenheiro metalúrgico Leandro de Lacerda, 27 anos, a história não foi diferente, só é mais recente. Por indicação de um amigo, optou pela corretora Easyinvest, e desde outubro passou a gerenciar sua própria carteira de ações pela internet.
“O que me atraiu foi a possibilidade de administrar meus próprios investimentos”, aponta. “Quando aplicava em fundos de ações, eu precisava pagar uma taxa de administração ao banco e não tinha autonomia para decidir no que investir.”
Ele aconselha que os investimentos, para valerem a pena, precisam começar com aporte mínimo de R$ 10 mil, pois só um lote de ações da Petrobras (o equivalente a 100 ações), por exemplo, já custa R$ 8.700.
“Montei minha carteira com ações de empresas de siderurgia, setor petrolífero e telecom. Em apenas três meses, já ganhei 30%. Se continuasse com renda fixa, ganharia menos de 3%”, comemora Lacerda.
Fonte:
Invertia