Bolsa: recuperação da classe média é uma das principais alavancas do crescimento
09/01/2009
SÃO PAULO – Classificando os mercados de ações da América Latina como os mais interessantes dentro do segmento mundial de renda variável, Will Landers, da BlackRock Merrill Lynch Investment Managers, se junta ao coro de especialistas norte-americanos e coloca as bolsas do Brasil e do México como as principais vedetes deste movimento.
“Atualmente em seu quinto ano de forte performance, a região continua a apresentar combinação atrativa de múltiplos baixos com maior crescimento dos lucros, quando comparada com outros mercados”, destaca Landers, que é responsável pela gestão de um fundo formado exclusivamente por ativos latino-americanos.
Transformação macroeconômica
Otimista, Landers enfatiza a transformação macroeconômica vivida pela região nos últimos anos. “A América Latina goza atualmente de uma conjuntura macroeconômica estável. As alterações estruturais feitas pelo setor público praticamente eliminaram as áreas que no passado causavam tenções”.
“Antes, as moedas locais eram voláteis e tinham tendência a desvalorizarem-se sistematicamente. A inflação mensal apresentava valores de dois algarismos”, completa o gestor, sugerindo que o risco de se investir nos principais países da América Latina é agora muito menor.
Brasil: a bola da vez!
Em relação ao Brasil, em específico, Will Landers se mostra categoricamente otimista. O gestor está confinante nos impactos da situação de inflação sob controle e juros em queda por um longo período sobre o mercado de ações.
“As taxas de juros recuaram no último ano, seguem em queda e muito provavelmente vão recuar ainda mais em 2008. A renda está aumentando e o crescimento interno está se tornando cada vez mais evidente e, com ele, começamos a presenciar a re-emergência da classe média”.
A percepção é de que esse conjunto de fatores deverá proporcionar um estímulo para que os consumidores comecem novamente a gastar mais e em última análise levará a uma recuperação do crescimento econômico. Outro ponto destacado é o de que os investidores domésticos, antes focados em renda fixa, começam a migrar aos mercados de ações.
Quais os setores melhor posicionados?
Questionando quais os setores estariam mais bem posicionados para captar de forma relevante os benefícios de um ressurgimento da classe média e do crescimento da economia, Will Landers se mostra confiante com as empresas ligadas ao segmento de varejo, serviços financeiros e desenvolvimento imobiliário.
“A redução das taxas de juros impacta de forma positiva o setor financeiro. A concessão de crédito vem crescendo em um ritmo acelerado há alguns trimestres e o espaço para continuar crescendo é enorme. As varejistas também estão colhendo os frutos do aumento das vendas e das parcerias firmadas com instituições que financiam o consumo dos cidadãos”.
“No setor de construção civil, há três anos não existiam empresas com ações listadas Bovespa. Atualmente, mais de 15 empresas negociam suas ações em bolsa e muitas mais estudam a possibilidade de abrir capital. As empresas do setor imobiliário estão duplicando suas operações neste ano e deverão crescer entre 30% e 50% ao longo dos próximos dois ou três anos, antes de abrandar para um crescimento de 15% mais adiante”.
América Latina oferece oportunidades atrativas
Em resumo, a percepção é de que o Brasil oferece oportunidades atrativas aos investidores, não apenas porque deve continuar se beneficiando da força do mercado das commodities, mas também pelo fato de que o consumo interno tende a se elevar nos próximos períodos.
“Vemos a re-emergência da classe média do Brasil como uma das principais alavancas do crescimento para os próximos anos”. Outra conseqüência deste movimento seria que os investidores estão aumentando lenta mas seguramente a exposição ao mercado ações, criando uma base estável de compradores e minimizando os riscos.
Fonte:
Info Money