BNDES trabalha para valorizar “aglomerados produtivos”
09/01/2009
Rio, 27 – O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) identificou que há 223 aglomerados de empresas de pequeno porte no País, que respondem por 1,3% da população ocupada do País (794 mil pessoas) e representam 7% das exportações brasileiras (US$ 5,2 bilhões).
Estes “aglomerados produtivos” são grupos de 50 ou mais empresas que atuam num mesmo segmento econômico, têm destaque no município de origem e peso nacional.
A partir desta amostra, o BNDES vai identificar quais aglomerações realmente funcionam como arranjos produtivos locais (APLs, na sigla interna da instituição), para efeito de financiamento no futuro. Os APLs, na visão do banco, são uma “importante ferramenta de política industrial”. O programa pretende fortalecer, em consórcios ou associações, empresas que isoladamente não teriam como crescer e ocupar espaço no mercado interno e externo.
Enquanto evolui nestes estudos, o banco já definiu um grupo piloto de 25 aglomerados para serem acompanhados pela instituição. São grupos de fabricantes, baseados em diferentes regiões do País, especializados na produção de jóias, redes de dormir, frutas exóticas, calçados até eletroeletrônicos e software. Estes grupos já estão se organizando e pleiteiam financiamentos junto ao banco para se organizar e se expandir.
“Estamos mapeando aglomerações e selecionamos um grupo para desenvolver um projeto piloto, até para replicar as operações para outros arranjos produtivos”, comentou o gerente de departamento de produtos Eduardo José Diniz.
O financiamento aos arranjos produtivos não se dará por meio de uma linha única, uniforme para todos os casos. O BNDES já identificou que os estágios de cada aglomeração são diferentes, assim como suas necessidades.
Exemplos
O banco e o pólo de fabricantes de calçados esportivos de Nova Serrana (MG) – 1.100 empresas que produzem 30 mil pares por dia – discutem o financiamento para a compra de “equipamentos coletivos”, que serão compartilhados pelos produtores do arranjo. No caso do pólo de jóias de São José do Rio Preto (SP), está em negociação o financiamento para relocalização, que uniria num condomínio os fabricantes, com redução de gastos, como de segurança.
Outros consórcios estão numa fase menos adiantadas, mas seus participantes já alcançaram o mercado internacional. Em lanchonetes japonesas de Tóquio e Kobe, o açaí produzido no Norte do Pará é um dos sucos mais vendidos. “Faz fila na porta”, conta o presidente da Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu, Francisco Wataru Sakaguchi. O grupo que se unir para ganhar escala e garantir novas exportações de frutas o bacuri, cupuaçu, taperebá e abacaxi, além de pleitear financiamentos para uma câmara de estocagem.
Na Paraíba, um grupo de fabricantes de redes de dormir de São Bento (PB) também luta para ganhar escala e o mercado internacional. O presidente do consórcio local de 23 produtores de redes, Geraldo Bonifácio, conta que o grupo quer se modernizar. Já o presidente de uma das empresas, Francimar Alves do Nascimento, da Tecidos São Cristóvão, conta que outro objetivo é aumentar a formalização da atividade e ampliar as vendas de redes via lojas de comércio.
Agencia Estado
28/10/2004